Publicado em: 04/07/2014 às 11:00hs
Este é o caso do Ceará, Estado que há quatro anos consecutivos cresce mais que o País. Com tamanho avanço no Produto Interno Bruto (PIB), o Estado descola do cenário econômico retraído que marca o incerto ano de 2014.
O Nordeste desfruta de uma posição privilegiada nesse cenário. Com muito mais demandas reprimidas em termos de consumo, emprego e Infraestrutura, não é tão difícil superar a saturação de mercados como o paulista, por exemplo, que nem de longe cresce no mesmo ritmo. Mas este é apenas um dos motivos que levam o Ceará a esse momento tão favorável.
O avanço do PIB é um dos resultados de uma política de investimentos no Estado.
Em busca de mais empresas para consolidar o crescimento econômico da região, neste ano o programa de investimentos chega a R$ 6 bilhões - dos quais R$ 5,1 bilhões vêm do Governo estadual - e coloca o Ceará como o quarto maior investidor em Infraestrutura pública do País. Mais da metade do montante oferecido pelo Governo vai para educação, saúde, Previdência, transporte e segurança pública.
Esse direcionamento é visível nos números do PIB gerado pelo mercado de Serviços Industriais de Utilidade Pública (SIUP). Após crescer 8,5% no último trimestre do ano passado - enquanto o Brasil teve um crescimento de apenas 3,4% -, o setor voltou a sinalizar uma geração de riqueza 4,8% maior.
Investimento público em alta. Entre 2007 e 2013, o gasto público chegou a R$ 14 bilhões, em uma média anual de R$ 2,5 bilhões, segundo números da secretaria do Planejamento e Gestão (Seplag).
Para quem saiu de uma média de R$ 600 milhões ao ano em anos anteriores, tratase de um avanço e tanto. No ano passado, o Estado chegou a sua maior participação na economia brasileira dos últimos 20 anos, respondendo por 2,2% do PIB nacional. Esses bilhões tinham por principal destino a Infraestrutura: energia, Logística, telecomunicações, saúde, educação e mobilidade urbana.
Na geração de energia, o Estado chega à primeira posição no País, com uma capacidade instalada de 953,2 MW, com 43% de eficiência. As obras de Integração de Bacias tenderão a mudar a realidade hídrica do Estado que já enfrenta o terceiro ano consecutivo de Estiagem. O Eixão das Águas, que levará água do Castanhão para o Pecém e garantirá o abastecimento da Região Metropolitana de Fortaleza. Já o Cinturão das Águas é uma obra de longa execução que deverá cercar todo o território do Ceará - o primeiro trecho já está em construção. Juntos, os investimentos nas duas obras chegam a R$ 3,1 bilhões.
Melhoria na Infraestrutura
O Complexo Industrial Portuário do Pecém (CIPP) é uma das iniciativas que têm a atenção do governo local - somente a ampliação de um dos terminais tem orçamento estimado em R$ 568 milhões. Na área de telecomunicações, o Cinturão Digital, inaugurado em 2010, forma a maior rede pública de banda larga do Brasil, conectando 92 cidades em 2,6 mil quilômetros. O investimento foi de R$ 52 bilhões.
Na saúde, até 2007, todos os hospitais estavam concentrados na capital. Hoje, dois hospitais regionais estão em funcionamento e um terceiro fica pronto neste ano; outros dois já estão negociados, cobrindo as macrorregiões do Estado. Uma rede de 22 policlínicas regionais dá conta do acesso a especialistas e exames. Na atuação em Saúde da Família, foram liberados R$ 26 milhões para a construção de 150 Unidades Básicas.
As melhorias estruturais, associadas à concessão de benefícios fiscais, naturalmente, atraiu empresas. Desde 2007, o número de novas companhias instaladas na região já ultrapassa a terceira centena e estas não estão concentradas na Região Metropolitana de Fortaleza. Sediadas em 51 municípios, totalizam um faturamento de R$ 33 bilhões e geram mais de 130 mil empregos.
No CIPP, Vale, Dongkuk e Posco se juntaram para a instalação do Complexo Siderúrgico do Pecém (CSP). O investimento de R$ 5 bilhões deve gerar 14 mil novos empregos em 2015, quando será iniciada a atividade da unidade. O Estado espera um incremento de R$ 9,3 bilhões no PIB do Ceará com o início das operações siderúrgicas.
Também no Complexo de Pecém uma refinaria de R$ 11 bilhões entrará em operação em 2017. A promessa é produzir 300 mil litros de combustível por dia, entre diesel e o querosene de aviação (QAV), que tanto encarece a operação das empresas aéreas do País. A unidade deve gerar 90 mil empregos diretos.
Emprego cresce Mesmo com a demissão de empregados temporários contratados para o final de 2013, o saldo de empregos do primeiro trimestre é positivo em mais de 2,4 mil vagas, conforme números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Com um olhar de médio prazo, a diferença é ainda maior. Em março do ano passado, o número de empregados com carteira assinada era de 33,9 mil trabalhadores. No mesmo mês deste ano, número de celetistas quase dobra para 56,8 mil pessoas.
Neste primeiro trimestre, o destaque foi do setor de construção civil, que tem mais de 3,1 mil novos celetistas registrados em atividade - em março do ano passado, foram adicionados apenas 616. No entanto, o setor de Serviços Industriais de Utilidade Pública, que envolvem a entrega de eletricidade, gás e água, também triplicou o número de novos contratados em um ano - de 97 novas vagas em março de 2013, para 269 novas posições no mesmo mês de 2014.
Efeito Copa do Mundo Enquanto a Copa do Mundo 2014 tem sido o álibi de boa parte das incertezas que pairam entre os empresários do País, no Ceará o evento trouxe ganhos significativos à indústria de transformação - uma das mais impactadas pela desaceleração da economia neste ano.
Neste primeiro trimestre, este setor avançou 1,2% no Ceará, mesmo com a retração de 0,8% em âmbito nacional.
Desde o ano passado, este mercado já mostrou descolamento da realidade nacional, com um crescimento de 7,8% no primeiro trimestre de 2013. As indústrias de confecção, de alimentos e bebidas se viram altamente beneficiadas pelos jogos da Copa do Mundo.
No entanto, a vedete ainda é o setor serviços.
Itens como alimentação, hotelaria, entre outros, empurraram um crescimento econômico de 9,2% no primeiro trimestre deste ano, mesmo após uma alta de 12,2% no mesmo período do ano passado.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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