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Câmbio e maior oferta de grãos provocam recuo do IGP-M em abril, preveem analistas

A recomposição das condições de oferta de grãos e produtos in natura no mercado interno e uma cotação mais apreciada do câmbio devem moderar a inflação no atacado no mês de abril, embora os alimentos continuem incomodando nos índices ao consumidor


Publicado em: 29/04/2014 às 10:40hs

Câmbio e maior oferta de grãos provocam recuo do IGP-M em abril, preveem analistas

Para economistas, a devolução das pressões ocorridas em função da estiagem, já capturada pelos preços ao produtor, só chega com mais força ao varejo a partir de maio.

A estimativa média de 18 consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data aponta que o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) cedeu de 1,67% em março para 0,8% neste mês, influenciado pela perda de fôlego dos componentes agrícolas. As projeções para o indicador, que será divulgado hoje pela Fundação Getulio Vargas (FGV), vão de alta de 0,73% a 0,88%. Se confirmadas, vão levar a avanço de 8% do IGP-M nos 12 meses encerrados abril, ante 7,3% na medição anterior.

No período de coleta do índice da FGV, que vai do dia 21 do mês anterior até o dia 20 do atual, o dólar caiu 3,91% em relação ao real, movimento que, de acordo com analistas, também ajudou a diminuir as cotações de matérias-primas e produtos industrializados entre março e abril.

O economista-sênior do BES Investimento, Flávio Serrano, trabalha com alta de 0,86% para o IGP-M deste mês. Responsável por 60% do indicador, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) vai recuar de 2,2% em março para 0,9% em seus cálculos, com desaceleração de 6,16% para 2% nos itens agropecuários. Segundo o economista, a maior parte da expectativa de perda de ímpeto da inflação se deve à entrada da safra brasileira de soja e taxas mais baixas de alguns itens in natura, como o tomate, que saltou mais de 40% em março.

"Temos a influência de preços internacionais um pouco menores, mas são principalmente fatores domésticos que estão puxando os produtos agrícolas para baixo", diz Serrano. Por outro lado, observa que o conjunto de produtos pecuários no atacado ainda vai subir na leitura atual, de 4,2% para 4,95%. "As proteínas animais demoram um pouco mais para desacelerar. "

Luis Otávio de Souza Leal, economista-chefe do banco ABC Brasil, aponta que não é a trajetória dos in natura que traz preocupação à dinâmica de preços no momento, já que esses itens possuem ciclo rápido de produção e costumam devolver choques com rapidez, ao contrário do complexo de carnes, leite e derivados. "Esses preços ainda estão aumentando no atacado e vão subir mais no varejo", afirma Leal, para quem o IGP-M terá alta de 0,73% neste mês, com variação de 1,5% no IPA agrícola.

Nos produtos industriais - que, nas projeções do ABC, vão diminuir a alta de 0,76% para 0,45% na passagem mensal - Leal menciona o impacto favorável da valorização recente do real, que deve reduzir os preços internos do minério de ferro e também da cadeia petroquímica, que são cotados em dólar. Em relatório, a equipe econômica da Rosenberg & Associados projeta aumento de 0,58% para o IPA industrial, desaceleração a ser puxada pelo minério e também pela divisa nacional mais apreciada no intervalo de coleta.

Serrano, do BES, sustenta que a transmissão das variações do câmbio à inflação são mais defasadas e, por isso, não será possível ver com muita clareza efeitos do dólar mais barato nos índices de abril. Como exemplo, cita que os preços de minério estão caindo, assim como o dólar, mas as cotações de metalurgia básica continuam em alta no IGP-M.

No varejo, a expectativa dos analistas é que os alimentos continuem como destaque da inflação no mês, com possibilidade de recuo mais expressivo somente em maio. O BES estima avanço de 0,82% para o Índice de Preços ao Consumidor que compõe o IGP-M (IPC-M) em abril, mesma taxa observada na leitura anterior, com aceleração de 1,55% para 1,65% em alimentação. O IPC responde por 30% do indicador geral. Para Serrano, a pressão nos alimentos deve ser compensada, em parte, por preços menores em outras classes de despesa, como transportes, educação, leitura e recreação.

Fonte: Canal do Produtor

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