Publicado em: 31/10/2013 às 11:30hs
Na mesma comparação, os preços agropecuários cederam de 2,97% para 0,49%. Economistas afirmam, no entanto, que esse movimento não altera perspectivas de uma pressão maior dos alimentos ao consumidor no fim do ano.
O enfraquecimento do dólar ante o real também atenuou o avanço de outro indicador de inflação divulgado ontem, o Índice de Preços ao Produtor (IPP), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mede a variação dos alimentos na porta da fábrica e subiu 0,62% em setembro, ante taxa revisada de 1,43% em agosto. A inflação dos alimentos no IPP perdeu força e passou de 3,2% para 1,58%, na primeira desaceleração do grupo desde março. Segundo o gerente do IPP, Alexandre Pessoa Brandão, o câmbio ajudou a segurar o avanço da inflação em muitos itens cujo preço está diretamente ligado à cotação da moeda norte-americana - sendo que alguns registraram deflação no mês.
No IPP, Brandão chamou atenção para o fato de que, em agosto, somente uma atividade mostrou queda de preços - a de impressão (-1,27% em agosto). Mas, em setembro, dez atividades mostraram variação negativa, sendo que algumas têm sua formação de preço ligada à evolução do dólar. Queda na demanda também contribuiu para esse cenário.
Já no IGP-M de outubro, da Fundação Getulio Vargas (FGV), enquanto o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que representa 60% do índice, desacelerou de 2,11% para 1,09% na passagem mensal, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M) subiu de 0,27% para 0,43%, puxado pela alimentação. Para o superintendente-adjunto de inflação da FGV, Salomão Quadros, o ciclo de valorização das matérias-primas ao produtor se esgotou e os IGPS devem seguir perdendo fôlego nas próximas semanas, enquanto os preços no varejo devem subir.
Dentro do IPA, a alta das matérias-primas brutas agropecuárias recuou de 4,4% em setembro para 0,96% em outubro, puxadas pela soja, cuja variação passou de 10,7% para 0,6%, mas também com influência de outros itens, como trigo (6,6% para 0,7%), leite in natura (3,8% para 0,9%) e aves (10,8% para 3,2%).
"O impacto no varejo não é imediato, mas antes do fim do ano as matérias-primas vão beneficiar de alguma forma os índices de alimentação ao consumidor", afirmou. Por outro lado, ele mencionou que os bovinos seguem em tendência de alta, ao terem aumentado de 0,93% para 3,8% entre setembro e outubro.
Segundo Fabio Romão, da LCA Consultores, o grupo alimentação e bebidas deve subir com força nos índices ao consumidor no último trimestre do ano, mas a perda de ímpeto dos preços agrícolas no atacado em outubro - que foi mais intensa do que o previsto - reforçou a avaliação de que o avanço não vai superar o padrão sazonal desta época.
Por causa do comportamento mostrado neste mês e também em função das coletas de preços, diz o economista, a expectativa é que os produtos agropecuários continuem a recuar nas próximas leituras dos IGPs, mas essa descompressão não trará alívio imediato ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), porque os alimentos in natura tendem a voltar ao campo positivo. "A ajuda conferida por esses produtos entre julho e setembro, que foi bastante importante porque esses itens tiveram quedas mais intensas do que o normal, deve sair de cena nos meses finais do ano", comentou Romão.
Além dos alimentos mais pressionados, Romão avalia que a desvalorização do câmbio observada até agosto tende a ocasionar altas mais acentuadas de bens duráveis no varejo nos meses finais do ano. Os preços industriais no atacado também perderam força em outubro, mas em ritmo mais lento, ao passarem de 1,79% para 1,32%. "Além da inflação no atacado, temos o retorno gradual da alíquota de IPI para itens da linha branca e demanda aquecida por causa do Minha Casa Melhor", lembrou.
Para Quadros, da FGV, os efeitos do câmbio sobre os insumos industriais ao produtor está se dissipando. Ele mencionou que, dentro do IPA industrial, os materiais e componentes para manufatura - subgrupo que, segundo o economista, tem o maior impacto direto de variações cambiais nos IGPs - cederam de 3,06% para 1,04% entre setembro e outubro.
Quadros disse que a variação deste mês ainda representa um repasse residual das desvalorizações do real registradas em agosto e setembro, mas, como em outubro não houve nova alta do dólar, a tendência é que estes preços tenham reajustes cada vez menores, podendo ficar próximos de zero em novembro e dezembro.
Fonte: Canal do Produtor
◄ Leia outras notícias