Publicado em: 23/09/2025 às 10:10hs
O Brasil registrou superávit comercial no acumulado de 2025, mesmo diante da intensificação da guerra tarifária entre Estados Unidos e China. Dados recentes do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) mostram que, apenas no primeiro semestre, o saldo positivo foi sustentado principalmente por embarques de commodities agrícolas e produtos industrializados, mesmo com tarifas superiores a 100% em alguns setores.
Entre os mecanismos que preservam a competitividade, destaca-se o regime de Drawback, que permite a suspensão ou isenção de tributos sobre insumos usados na produção para exportação. Segundo o MDIC, essa ferramenta pode reduzir até 18% do custo final das mercadorias. Em 2023, o Drawback respondeu por US$ 75,3 bilhões em vendas externas, aproximadamente 25% do total exportado pelo país.
Thiago Oliveira, CEO da holding Saygo, especializada em comércio exterior e câmbio, ressalta a importância da diversificação geográfica. “Não basta apenas buscar novos compradores. Os mercados mais promissores são também os mais criteriosos, com exigências sanitárias, ambientais e regulatórias. O segredo está em combinar adaptação do portfólio com eficiência tributária e logística”, afirma.
Os principais destinos alternativos têm sido a União Europeia e o Sudeste Asiático, com países como Vietnã, Indonésia e Índia aumentando a demanda por alimentos, produtos químicos e manufaturados, enquanto a Europa absorve exportações de maior valor agregado, como autopeças e bebidas.
Apesar do avanço, o cenário global segue complexo. A reeleição de Donald Trump e a retomada de medidas protecionistas aumentaram tarifas sobre aço, carnes e suco de laranja brasileiros, exigindo readequação de contratos. Oliveira destaca que a agilidade operacional é determinante: “Empresas que estruturam operações com governança, dados e planejamento tributário conseguem reduzir riscos e conquistar mercado quando concorrentes ficam para trás”.
De acordo com Oliveira, o Brasil conseguiu sustentar o superávit e criar oportunidades para empresas por meio de três fatores estratégicos:
“O superávit comercial de 2025 mostra a força do agronegócio e da indústria brasileira, mas também evidencia os riscos de depender de poucos mercados. A guerra tarifária entre EUA e China reforça que diversificação não é opção, é necessidade. Regimes como o Drawback, aliados à digitalização e à gestão cambial, são ferramentas decisivas para manter a competitividade”, conclui Oliveira.
Fonte: Portal do Agronegócio
◄ Leia outras notícias