Publicado em: 11/04/2014 às 19:00hs
Em relatório sobre fluxos de capitais para a região, o país apareceu como destaque negativo. "O gigante da região está crescendo muito desaceleradamente. Isso nos preocupa", afirmou Augusto De La Torre, economista-chefe do Banco Mundial para a América Latina e Caribe. "O Brasil está enfrentando uma situação complexa em que a queda no crescimento está acontecendo com pressões inflacionárias", completou o especialista.
Brasil e México - O relatório sobre a região deu destaque especial para o Brasil e o México. Mas, enquanto o Banco Mundial considerou que o México fez reformas arrojadas no sistema bancário, em telecomunicações, energia e impostos, e trabalha com perspectiva de crescimento de 3%, o Brasil tem cenário de crescimento lento e foi apontado como a decepção na região.
América Latina - A expectativa é a de que América Latina cresça 2,3% neste ano. O percentual está um pouco abaixo do índice de 2013, que foi de 2,4%, e é menos da metade da faixa entre 5% e 6% de crescimento nos anos anteriores à crise financeira de 2008. Os melhores na lista são o Panamá, com 7%, e o Peru, com 5,5%. Chile e Colômbia também figuram acima da média, com 3,5% cada um. Já o Brasil aparece num quadro de baixo crescimento, limitada poupança e reduzido investimento.
Desafio de curto prazo - "Vale a pena mencionar o que se pode passar no curto e no longo prazo. No Brasil sempre me parece que as perspectivas e a tendência são favoráveis. É um pais com enorme riqueza, oportunidades imensas de investimentos. Sou otimista com o crescimento no longo prazo. O desafio do Brasil é o curto prazo", resumiu De La Torre.
Política fiscal - O economista-chefe sugeriu que o país faça esforços para ajustar a sua política fiscal de modo a "dar mais espaço à política monetária". "É preciso ter políticas fiscais mais ajustadas para abrir espaço e dar maior flexibilidade à política monetária, para que os bancos centrais possam reduzir as taxas de juros sem repercussões inflacionárias", disse De La Torre.
Principal - Para ele, de todas as reformas macroeconômicas no Brasil, essa seria a principal: fazer ajustes do ponto de vista fiscal, com cortes nos gastos públicos, acompanhados de relaxamento monetário. "Essa é uma política macroeconômica que me parece importante para apontar ao crescimento", definiu.
Reformas - De La Torre apontou ainda que o país precisa de reformas para facilitar investimentos privados. "O Brasil está tentando realizar uma agenda de reformas ambiciosas", disse o economista-chefe. "Está claríssimo para mim que devem ser feitas mudanças na infraestrutura do Brasil, em estradas, portos, rios, ferrovias, aeroportos. Toda a rede de infraestrutura pública precisa se modernizar de maneira que seja mais fácil levar serviços de uma parte para outra do país", completou.
Estados Unidos - De acordo com o relatório do Banco Mundial, a normalização da política monetária nos Estados Unidos traz condições financeiras mais difíceis para os países emergentes e em especial para a América Latina. "O fato de os países da região estarem expostos aos fatores globais não significa necessariamente que estão vulneráveis", advertiu De La Torre. O economista-chefe disse que os cinco países da região "com marcos mais modernos de política monetária" - Brasil, México, Colômbia, Chile e Peru - têm capacidade de absorver choques, através de suas moedas e recomendou que sejam adotadas políticas neste sentido dada a expectativa de aumento dos juros nos Estados Unidos, em 2015, e a possibilidade de aumento da cotação do dólar perante as moedas dos países latino-americanos.
Fluxos de investimentos externos - Segundo De La Torre, os fluxos de investimentos externos são muito importantes para os países da região e, por isso, as medidas para aumentar injeções de capital são bem-vindas. A aprovação de normas facilitadoras de investimentos, como exemplo, medidas de aceleração da regularização de trabalhadores, também pode ajudar. "Se o entorno institucional for débil e o ambiente para fazer negócios não for propício, os investidores vão buscar outras nações."
Fonte: Ocepar
◄ Leia outras notícias