Publicado em: 12/12/2013 às 20:30hs
O Programa de Sustentação do Investimento (PSI) será prorrogado em 2014, mas com juros maiores no financiamento aos investimentos, anunciou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, nesta quarta-feira (11/12), mas sem informar qual será o montante destinado para essa linha. O programa é executado através das linhas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A taxa do financiamento a máquinas e equipamentos para pequenas e médias empresas passará a 4,5%, ante 3,5%, sendo que para as grandes empresas subirá para 6%. Nessa modalidade, o financiamento continua em 100% para pequenas e médias companhias, mas cai para 80% para grandes empresas. Até então, esse teto era de 90%.
Altas - O juro para aquisição de caminhões e ônibus sobe para 6%, ante 4%, com os níveis de financiamento baixando para 90% às pequenas e médias empresas e para 80% às grandes, ante 100% e 90%, respectivamente. Na linha Pró-caminhoneiro, a taxa sobe para 6%, dois pontos percentuais a mais do que o juro atual, mantido o financiamento integral para todas as empresas.
Inovação - Já para inovação, a taxa sobe 4%, ante 3,5%, com os níveis de cobertura permanecendo em 100% para pequenas e médias, mas baixando para 80% para grandes empresas, que agora podem financiar até 90% dos seus projetos. Na linha pré-embarque de exportação, a taxa de juros sobe para 8%, em comparação a 5,5%, mantidos os níveis de financiamento de 80% para grandes empresas e de 100% para pequenos e médios negócios.
Selic - As novas condições, apresentadas ao setor industrial em evento, entram em vigor em 1º de janeiro de 2014. O aumento nos custos do financiamento ocorre na esteira do ciclo de elevações da Selic, que saiu da mínima histórica de 7,25% em abril para o atual patamar de 10%. "As taxas (do PSI) cresceram acompanhando a Selic e conjuntura", disse Mantega.
Origem - O PSI foi criado em meados de 2009, no auge da crise econômica mundial, para garantir crédito para investimento, num momento em que a oferta de financiamento se tornou escassa. Este ano os financiamentos oferecidos pelo PSI somarão R$ 80 bi de reais, informou Mantega. Mas, com juros maiores e menores níveis de financiamento, o orçamento do PSI será menor em 2014, acrescentou o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, também presente no evento.
Atrativo - No setor privado, industriais avaliam inicialmente que mesmo com o encarecimentos dos custos, o PSI continuará atrativo. "Relativamente, o incentivo melhorou. Quando a Selic estava em 7,25% ao ano, a taxa do PSI estava em 4%. Agora a Selic foi para 10% e a taxa a 6%. Ainda é bastante importante e certamente vai assegurar crescimento da indústria (venda de caminhões) em 5% a 7% no ano que vem", afirmou o presidente-executivo da MAN América Latina, Roberto Cortes. A companhia é unidade do grupo Volkswagen e maior fabricante de caminhões no país. "Em termos reais ainda é uma taxa perto de zero, que cria propensão ao investimento", acrescentou.
Investimentos - O governo assumiu o discurso de que os investimentos serão o motor do crescimento econômico brasileiro, que não tem dado sinais consistentes de recuperação. O Produto Interno Bruto (PIB) encolheu 0,5% no terceiro trimestre deste ano.
Arrecadação - Mesmo assim, Mantega defendeu que a economia brasileira tem, e manterá em 2014, uma recuperação gradual, que já está se refletindo na arrecadação. Segundo adiantou o ministro, em novembro, ela será recorde e ficará superior a R$ 110 bilhões. A arrecadação de novembro foi influenciada positivamente pelo pagamento ao governo dos R$ 15 bilhões do bônus para exploração do campo de petróleo de Libra e também pela receita extraordinária de R$ 20 bilhões com o Refis.
Contas públicas - A arrecadação recorde de novembro vai ajudar o governo a fechar as contas públicas, mas ainda sem indicação de que o governo cumprirá a meta ajustada do setor público consolidado de superávit primário de 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB).
Câmbio - Mantega disse ainda que o câmbio desvalorizado ajuda o setor fabril, mais "favorável" para o comércio exterior, mas que o governo precisa impedir repasses dessa desvalorização para os preços. "Embora a desvalorização ajude o setor produtivo, causa pressão inflacionária. Temos de cuidar dessa parte e não deixar que a inflação ultrapasse as metas", disse o ministro.
Mantega diz que economia está andando com duas pernas mancas - A economia brasileira está andando com "duas pernas mancas", segundo o ministro Guido Mantega (Fazenda). Para ele, a fraqueza vem dos efeitos da crise internacional e da falta de crédito para bancar o consumo. Segundo o ministro, o baixo crescimento do mundo é um "vento contrário" ao desempenho do país. Já internamente, o aumento da inadimplência levou os bancos a ficar mais cautelosos na liberação de novos empréstimos, o que está limitando a expansão do consumo, disse.
Situação - "Isso significa que a economia brasileira está crescendo com duas pernas mancas: de um lado, o financiamento ao consumo, que está escasso, e, de outro lado, a crise internacional, que nos rouba uma parte da nossa possibilidade de crescimento." O ministro destacou, porém, que a inadimplência do consumidor está em queda e que a economia mundial se recupera, fatores que devem colaborar para a retomada da economia brasileira.
Fonte: Reuters
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