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BID: Banco aponta necessidade de Brasil ter mais acordos de livre comércio

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) verificou que as maiores lacunas no livre comércio na América Latina estão entre o Brasil e o México


Publicado em: 30/05/2018 às 18:40hs

BID: Banco aponta necessidade de Brasil ter mais acordos de livre comércio

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) verificou que as maiores lacunas no livre comércio na América Latina estão entre o Brasil e o México. Se os dois países tivessem mais acordos bilaterais, o impacto no comércio inter-regional teria muitos ganhos, apontou o BID em estudo sobre a economia na América Latina que será divulgado nesta terça-feira (29/05).

Advertência - O documento adverte que são necessários acordos mais abrangentes para aumentar o comércio em toda a região. Junto com a Argentina, o Brasil e o México são responsáveis por 64% do PIB da região, mas apenas por 7% do comércio inter-regional. “Os acordos inter-regionais não se mostraram como instrumento importante para melhorar a competitividade na região”, advertiu Mauricio Mesquita Moreira, economista-chefe do setor de integração e comércio do BID.

Motivo - Segundo ele, esses resultados negativos indicam um bom motivo para os países da região repensarem as suas estratégias.

Proliferação de acordos - Moreira ressaltou ao Valor PRO que houve uma proliferação de acordos na América Latina atingindo um total de 33 negócios firmados desde a década de 1990. Essas negociações foram positivas, mas o problema é que nenhum deles atingiu uma massa econômica forte que os países estavam esperando. “Para que os acordos sejam uma resposta aos países em desenvolvimento eles precisam ter mais escalas”, alertou.

Avanço - Na visão do economista, a criação de muitos acordos na região foi boa para se avançar nas economias, “mas ficou tudo muito fragmentado entre os países latino-americanos”. “E os acordos entre os latino-americanos atualmente não são capazes de criar um mercado maior”, apontou Moreira. “Isso permitiria as empresas a ter um PIB maior, a se especializar e a serem mais competitivas no mercado internacional.”

Crítica - No estudo, o BID criticou que os acordos realizados desde a década de 1990 são muito divididos entre os países da América Latina pois foram feitos com dados específicos. O problema é que atualmente a necessidade de competição no mercado externo atinge um número mais elevado para as vendas, incluindo outros estados, como aqueles localizados na Ásia. “Hoje se precisa competir com empresas do tamanho das chinesas”, alertou Moreira.

Estudo - Outro ponto importante do estudo é que os acordos atuais em rigor entre os países latino-americanos não são capazes de criar um mercado maior. “Os acordos deveriam permitir às empresas a ter um PIB maior, a se especializar e a serem mais competitivas no mercado internacional”, apontou o economista-chefe.

Dados específicos - O BID verificou que desde a década de 1990 os acordos são divididos entre alguns países com dados específicos. “Só que hoje é preciso competir com empresas do tamanho da chinesa”, advertiu Moreira. Atualmente, os países do Mercosul conseguem obter US$ 2,4 bilhões pelos acordos com o comércio, enquanto a China ganha US$ 2,4 trilhões.

Mercado ampliado - “A ideia é que tem que partir e caminhar para um mercado ampliado em todos os países da região”, afirmou o economista. Para ele, isso não aconteceu até hoje na América Latina porque existe uma série de restrições políticas. “Mas se poderia fazer isso de maneira mais gradual ou progressiva. Cada um desses acordos possui regras de origem.”

Novas medidas - O estudo do BID mostra que muitos países teriam que impor novas medidas para ampliar o comércio exterior. A Argentina, por exemplo, quando quer vender um determinado produto ao Brasil tem que checar antes se ele é fabricado em mais de 60% no país para dar a autorização. Isso acaba limitando os acordos de comércio exterior. “A ideia é tentar harmonizar as regras e permitir que se acumulem os insumos em pleno acordo”, enfatizou Moreira.

Problema grave - Segundo o BID, um dos problemas mais graves na região é que os três maiores países – Argentina, Brasil e México – não possuem um acordo grande de livre comércio entre eles. “Eles possuem apenas acordos limitados e de alguns produtos, mas não envolvem todas as atuações”, disse Moreira. Ao todo, a soma do comércio entre esses três países não passa de 8% de todas as vendas inter-regionais na América Latina. “Esse é o maior paradoxo na região. Os maiores países não possuem acordos entre eles.”

Negociações - O BID adverte que o Brasil deve buscar negociações de maior dimensão com esses países, e não apenas organizar aqueles casos de cooperação que já existem. “Se deve estimular o que o Brasil, o México e a Argentina devem fazer para assinar acordos amplos e de livre comércio”, apontou Moreira.

Aliança do Pacífico - Ao todo, o Brasil tem acordos com todos os membros da Aliança do Pacífico, menos com o México. O momento atual seria favorável às negociações entre esses países já que o México está enfrentando pressões do governo dos Estados Unidos por conta do presidente Donald Trump, que passou a contestar o Nafta e, com isso, seria positivo ampliar com outras nações.

Eleição - No Brasil, a eleição que vai ocorrer neste ano deve, segundo Moreira, resultar em fortalecimento da visão de que o país perdeu muito tempo ao se tornar fechado com o resto do mundo. “Se há a visão de que se precisa avançar em acordos, acho que o momento político é muito favorável com relação a isso. É um momento positivo para que essa iniciativa possa avançar tanto com relação ao México e ao Brasil quanto com a Argentina.”

Conclusão - A conclusão da pesquisa do BID é que a fase política atual é favorável à realização de novos acordos na América Latina. Isso porque, mesmo se os países enfrentarem um cenário com mais dificuldades nas negociações comerciais com os EUA por causa do governo Trump, uma das saídas seria a busca de melhores soluções para vendas entre o Brasil e o México e também com a Argentina.

Guerra comercial - O documento aponta que uma eventual guerra comercial americana com elevações de tarifas para comércio, como foi proposta com sobretaxas de 25% ao aço e 10% ao alumínio, levariam no total a uma queda de 13% nas exportações da América Latina para o resto do mundo. Mas, se essa região tiver um mercado mais unificado nas linhas de venda, a queda seria de apenas 8%. “Daí a necessidade de novas negociações entre os países”, afirmou Moreira.

Fonte: Portal Paraná Cooperativo

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