Brasil

Balança tem deficit trimestral de US$ 5,6 bi

A balança comercial brasileira registrou o primeiro saldo positivo do ano em março, graças ao tombo de 18,5% nas importações


Publicado em: 06/04/2015 às 11:20hs

Balança tem deficit trimestral de US$ 5,6 bi

Apesar do superavit de US$ 458 milhões, esse foi o segundo pior resultado para o mês da série histórica, atrás apenas dos US$ 118 milhões do ano passado. As importações somaram US$ 16,5 bilhões, e as exportações, US$ 17 bilhões - volume 16,8% abaixo do registrado no mesmo período de 2014 - de acordo com dados divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).

O deficit comercial acumulado no primeiro trimestre foi de US$ 5,6 bilhões, o segundo pior desde 1995, início da série histórica. O recorde negativo foi registrado no mesmo período de 2014, de US$ 6,1 bilhões. Nem os embarques de Soja ajudaram. O volume de janeiro a março caiu 27,7% em relação ao ano anterior, passando de 9 milhões de toneladas, em 2014, para 6,5 milhões de toneladas no mesmo período deste ano. "Início dos embarques de Soja ajudou a melhorar o saldo (comercial), mas a queda no volume ocorreu porque houve uma concentração no início do ano passado", destacou o diretor de Estatística e Apoio à exportação da Secretaria de Comércio Exterior do Mdic, Herlon Brandão.

Para especialistas, a desvalorização do câmbio neste início de ano começou a produzir efeito na balança, principalmente nas importações. No primeiro trimestre, as compras externas de bens de capital encolheram 10,9% e a de matérias-primas caíram 10%, refletindo a falta de confiança na economia. "A indústria ainda não conseguiu usufruir os benefícios da queda do real frente ao dólar porque a demanda interna está muito fraca, e, por isso, há mais importação de peças para manutenção do que de máquinas novas. Futuramente, isso pode afetar a produtividade", destacou o economista Aloisio Campelo, da Fundação Getulio Vargas (FGV).

O presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, demonstrou preocupação na queda de dois dígitos em quase todos os grupos de produtos importados. "A retração da economia foi o que mais contribuiu para a diminuição das importações, mas o dólar mais forte também ajudou. Daqui para frente, elas devem cair mais ainda e é isso que vai reverter o deficit da balança; porque as exportações continuarão caindo devido à queda nos preços das commodities", afirmou ele. Castro destacou que as exportações para a China, no primeiro trimestre, encolheram 35%.

Camex

A Câmara de Comércio Exterior (Camex) anunciou ontem a redução das alíquotas de Imposto de importação sobre cápsulas de café importadas dos países do Mercosul, de 10% para 0%, e das de vacinas contra HPV, de 2%. Uma outra resolução reduz de 14% e 16% para 2% o tributo para itens de informática e telecomunicações até 31 de dezembro deste ano. A Camex também reduziu de 14% e 16% para 2% o imposto de uma lista de cinco itens de autopeças sem produção nacional. Entre eles, módulos hidráulicos e sensor indutivo de movimento.

BNDES capta no Japão

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) firmou ontem contrato para captação de US$ 150 milhões com o Japan Bank for International Cooperation (JBIC) e o Mizuho Bank, Ltd. A operação faz parte da Linha Green - voltada a projetos que favoreçam a preservação do meio ambiente global, como redução da emissão de gases do efeito estufa, eficiência energética e geração de energia a partir de fontes renováveis. Esse é o terceiro contrato que o banco brasileiro assina com o JBIC, o primeiro foi em 2011 e outro no ano passado.

Chinês ajuda Petrobras

A declaração da presidente Dilma Rousseff de que o balanço auditado da Petrobras será divulgado este mês e o anúncio de que a estatal assinou contrato de financiamento de US$ 3,5 bilhões com o Banco de Desenvolvimento da China (CDB) fizeram as ações da petroleira fecharem em alta de 4,93% (PN) e 5,21% (ON), atingindo pela primeira vez, desde 18 de fevereiro, cotação de dois dígitos: R$ 10,21 e R$ 10,08, respectivamente. Em comunicado, a empresa ressaltou que o contrato "é importante marco para fortalecer a sinergia entre as economias dos dois países".