Publicado em: 08/05/2014 às 12:00hs
Esse ciclo de taxas menores nos IGPs deve perdurar apenas no curto prazo, na avaliação do Superintendente Adjunto de Inflação do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), Salomão Quadros. Embora tenha observado que o cenário atual é favorável, o especialista fez uma ressalva: ainda há preocupações no horizonte inflacionário para 2014, como a continuidade do avanço da inflação de serviços no varejo; e o impacto dos reajustes nos preços administrados, principalmente energia elétrica.
O especialista fez a avaliação ao comentar a desaceleração do Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), que desacelerou de 1,48% para 0,45% entre março e abril. Quadros comentou que, no período, a inflação das matérias primas brutas agropecuárias diminuiu de 3,57% para 0,49%, o que ajudou a diminuir o avanço de preços no atacado, que representa 60% do IGP-DI e passou de 1,91% para 0,27%, no período.
"Tivemos, em março, um verdadeiro choque agrícola, com altas nos preços do setor causadas por redução de oferta, devido a problemas climáticos", lembrou ele. No momento, ocorre um ajuste de preços para baixo, visto que os preços no setor não poderiam continuar a subir em magnitude tão elevada por muito tempo.
Esse cenário de inflação menos pressionada no setor agrícola também contribuiu para o menor ritmo inflacionário nos preços dos alimentos processados no atacado (de 1,97% para 0,94%). O câmbio foi outro fator que contribuiu para inflação menos pressionada no atacado. Ele lembrou que o dólar subiu até fevereiro, mas se manteve relativamente estável desde então. Isso levou à deflação nos insumos da indústria em abril, representados pelos materiais para manufatura no atacado (-0,70%), dentro do IGP-DI. "Notamos preços mais baixos em itens da indústria química e siderúrgica, e outros cujo preço é influenciado pela cotação do dólar", disse ele.
Contudo, o impacto desses dois fatores no varejo ainda não foi completamente repassado. No IGP-DI, a inflação dos alimentos no varejo cedeu pouco (de 1,66% para 1,42%) em abril. Isso indica que novas desacelerações em itens alimentícios podem ser realizadas no âmbito do consumidor. Ao mesmo tempo, Quadros lembra que preços reduzidos de insumos industriais em queda ajudam a diminuir custos nas indústrias - o que pode também se refletir em preços menores para o consumidor final. "Creio que esses fatores vão ajudar a formar taxas menores nos IGPs nos próximos meses".
Entretanto, Quadros avaliou que o atual ambiente favorável à queda de preços não significa que tudo está em queda ou em desaceleração nos IGPs. "No atacado, não vejo nenhum elemento de persistência inflacionária. Mas, no varejo, temos ainda os preços dos serviços. Não vejo a inflação dos serviços diminuir. E temos também os aumentos nos preços de energia elétrica nas capitais, previstos para este ano, que devem ficar em dois dígitos", alertou, acrescentando que esse último fator deve contribuir para impulsionar a inflação no varejo, no segundo semestre.
Fonte: Canal do Produtor
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