Publicado em: 13/05/2014 às 15:50hs
A boa notícia, contudo, chega em um cenário externo no qual outros acordos, mais arrojados, podem minimizar os efeitos positivos do tratado.
Insuficiente - Segundo especialistas do setor presentes em seminário realizado na sede da Fundação Getulio Vargas (FGV), em São Paulo, apenas o tratado com a União Europeia não deverá ser suficiente para aumentar a inserção brasileira no comércio global.
Quadro atual- Atualmente, os Estados Unidos lideram as negociações do Tratado de Livre Comércio Transpacífico e do Tratado do Transatlântico (TPP e TTIP, na sigla em inglês), os dois maiores acordos em negociação no mundo. A pesquisadora da FGV, Lia Valls, disse que o quadro atual é diferente do observado na década de 90, quando o Mercosul foi criado. "Na década seguinte, a Organização Mundial do Comércio (OMC) ganhou força, com as tentativas multilaterais, mas foi algo que se mostrou muito lento. Do ponto de vista da economia política, os Estados Unidos, ao contrário de antes, estão tentando recriar um sistema multilateral a partir desses acordos."
Em negociação- No TPP, 12 países estão em negociações, incluindo Japão, Estados Unidos, Chile, Peru e México. A lista representa 38% do PIB mundial e 24% do comércio exterior global. Já o TTIP, entre os americanos e a União Europeia, conta com 29 países, 46% do PIB mundial e 25% do comércio mundial de bens e serviços. "Se saírem esses dois acordos, quem está de fora acabará isolado e depois vai ter que aceitar as novas regras e normas do comércio mundial de uma forma ou de outra", afirmou Lia.
Perda de espaço- As economias que ficarem de fora do TPP, como a brasileira, deverão perder espaço no comércio de bens e serviços e sentirão pressão negativa no Produto Interno Bruto (PIB) em função da diminuição de mercados externos. Esse é o diagnóstico de Barbara Kotschwar, pesquisadora no Peterson Institute for International Economics (PIIE), que apresentou estudo que mostra que, a partir de 2025 - ano usado como base para as projeções - os países fora do tratado deverão perder 0,5% do PIB ao ano.
Impacto - "As projeções mostram que, no geral, os países do TPP vão ser impactados positivamente em 0,9%. No fim, a economia global ganha, mas alguns vão perder, como os que estão de fora", disse Barbara.
Mercosul - Outro fator que força a mudança na política de comércio exterior é que o Mercosul chegou ao maior grau de interdependência possível para economias não complementares, segundo Ricardo Markwald, diretor-geral da Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex). Depois de o bloco atingir o auge em 1999, com 17% de peso nas exportações brasileiras e 16% nas importações, o comércio do Brasil com o bloco, no ano passado, representou 10% de todas as exportações e 9% das importações.
Novas formas- "A discussão agora é mais sobre novas formas de aperfeiçoar o regime existente e não tanto em como aumentar o comércio", disse.
Política automotiva- O Mercosul hoje possui como principais pendências, na visão de Markwald, a definição de uma política automotiva comum, a eliminação das barreiras não tarifárias, a efetiva liberalização dos serviços, a compatibilização de medidas sanitárias e padrões técnicos e a instituição de um mecanismo para solução de controvérsias.
Agenda- Para a professora da FGV, Vera Thorstensen, uma política de quebra do isolamento do Brasil em acordos regionais e bilaterais deveria estar na agenda do próximo governo. "É um tema que não vai sumir com um possível acordo com os europeus."
Fonte: Ocepar
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