Brasil

A melhor colheita desde 1996

Com aumento da área plantada e da produtividade e ainda um clima favorável, a agropecuária se manteve, no ano passado, como uma importante alavanca da economia brasileira


Publicado em: 28/02/2014 às 16:40hs

A melhor colheita desde 1996

O Produto Interno Bruto (PIB) do campo cresceu 7% em 2013, a maior expansão desde o início da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1996. No quarto trimestre ante os três meses imediatamente anteriores, não houve variação. Em relação ao mesmo período do ano anterior, o aumento foi de 2,4%. A participação do setor na atividade do país saiu de 5,3%, em 2012, para 5,7%, a maior desde 2009.

Puxaram o bom momento das lavouras no ano passado o trigo (cresceu 30,4%), a Soja (24,3%), o Milho (13%) e a Cana-de-açúcar (10%). Com ganho de produtividade significativo, reforça a gerente da Coordenação de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, a agropecuária representou R$ 234,6 bilhões na soma de todos os bens e serviços produzidos no país.

Neste ano, os grãos continuarão decisivos ao crescimento do país, mas o avanço do setor não deve ser tão expressivo. A Estiagem observada desde as primeiras semanas tem reduzido as projeções para as safras das principais culturais em várias regiões. A acomodação dos preços médios das commodities - por conta, sobretudo, do arrefecimento da demanda do mercado chinês - também explica as apostas, ainda precipitadas, em alta de 4% ou 5% em 2014.

Goiás já registrou perda de 25% da produção de Soja por causa da seca: um prejuízo estimado em 1,4 milhão de toneladas de grãos, equivalente a cerca de R$ 2 bilhões. Os agricultores estão em estado de alerta. No Paraná, as primeiras contas indicam uma redução de 12% na atual safra. A falta de chuva e as altas temperaturas levaram a um corte de 2,15 milhões de toneladas em relação à estimativa divulgada em janeiro para os dois primeiros meses do ano.

Logística

Não bastassem as condições adversas, o elevado custo de Logística impede que o agronegócio brasileiro contribua mais para o PIB do país. "Vamos continuar crescendo o dobro da economia, mas em um volume que não compensará a acomodação dos preços", afirmou Pedro Arantes, consultor técnico do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) de Goiás. "Mesmo com todas as dificuldades, ainda conseguimos ser competitivos", completou.

O ajuste no câmbio em 2013 - com alta acumulada do dólar de 15,5% ante o real - também impulsionou o resultado do campo, ao favorecer as exportações. Os números não surpreenderam o diretor técnico da Associação Brasileira do agronegócio (ABAG), Luiz Antonio Pinazza, que prevê novo salto neste ano: "A Estiagem que está castigando as lavouras precisará ser melhor avaliada. Não dá para fazer previsões seguras neste momento".

Também otimista para 2014, o diretor administrativo da Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja) de Mato Grosso, Nelson Piccoli, sustenta que, por ora, não houve mudanças significativas nos preços. "A capacidade de crescimento do agronegócio no Brasil ainda é imensa", sublinhou ele, ilustrando que somente no estado o tamanho da área de cultivo pode dobrar. "Há, hoje, cerca de 9 milhões de hectares dedicados à pastagem, que podem se transformar em plantações."

O preço da Estiagem

A pressão exercida pela seca no preço dos alimentos influenciou na carestia medida pelo Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), que passou de 0,48% em janeiro para 0,38% em fevereiro. A Estiagem, na avaliação de técnicos da Fundação Getulio Vargas (FGV), responsável pela divulgação do indicador, deve frear a trajetória de desaceleração. A curto prazo, no entanto, o impacto deve ser sentido apenas no atacado, não provocando aumentos significativos nas prateleiras.

Fonte: Correio Braziliense

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