Moradora do interior de São Miguel das Missões, no Noroeste do Estado, a família de Remi e Zelaine Castanho decidiu apostar na beleza natural e relíquias históricas - deixadas pelos índios guaranis e padres jesuítas - existentes em sua propriedade. O turismo rural surgiu como uma possibilidade de renda, por um lado, e como um estímulo à qualidade de vida, por outro.

Os 40 hectares destinados ao turismo rural fazem parte da Fazenda da Laje, que pertencia aos avós de Zelaine e está nas mãos da família há pelo menos 70 anos. A agricultura e pecuária eram fonte de renda da família. A partir de um curso de turismo rural e participação em um Seminário Estadual sobre o tema, promovido pela Emater/RS-Ascar, a ideia de apostar em uma nova alternativa de renda foi moldada.

Para receber turistas foi preciso se estruturar, desde o embelezamento de arredores até a produção de alimentos que servem a mesa da família e dos turistas.

Feijão, lasanha de ovelha, paçoca de charque, ungu com galinha e trigo campeiro são algumas das delícias que compõem o cardápio do almoço, servido em um local aconchegante. Aos visitantes também é oferecido leite fresco, que pode ser coletado na hora. No local também há hortaliças, ovos de galinha e codorna, licor, queijo, salame, charque e compotas de doces produzidos na propriedade.

“Às vezes, as propriedades são pequenas, a terra não é boa para a cultura ou há pouco espaço para a criação de animais. O turismo surge como uma boa alternativa, mas é preciso se preparar”, destaca a extensionista de Bem-Estar Social da Emater/RS-Ascar Fátima Zink Primaz, ao explicar que “quem se interessar pode buscar apoio no escritório da Emater mais próximo, onde receberá orientação desde o embelezamento de arredores, destino das águas, sanidade, entre outros pontos. É preciso que o ambiente seja organizado para que as pessoas e a família se sintam bem”.

O envolvimento com o turismo há pouco mais de um ano perpassa os portões da propriedade e envolve a comunidade. Mulheres dos Clubes de Mães fornecem artesanato e doces que são vendidos na fazenda.

Para além do contato com a natureza, o local atrai turistas em função de vestígios do que teria sido uma das pedreiras missioneiras, possivelmente utilizada na construção da redução de São Miguel Arcanjo, no século XVIII.

Apostar no turismo, segundo Zelaine, valeu a pena. “É uma alternativa que gera uma renda a mais para a família. A aposta no turismo é por causa das ruínas de São Miguel, onde há um fluxo grande de turistas. Achei que ia dar certo e está dando certo”, afirma a agricultora.