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Solar, biocombustíveis e hidrogênio na rota de descarbonização paulista

Em consulta pública até o final de setembro, o Plano de Ação Climática do Estado de São Paulo traz uma série de estratégias para mobilizar investimentos em energia e transporte, rumo à neutralidade de emissões até 2050


Publicado em: 06/08/2021 às 12:20hs

Solar, biocombustíveis e hidrogênio na rota de descarbonização paulista

Um dos focos é ampliar a geração solar.

O plano traz como meta assegurar capacidade instalada de 1,5 GW de energia solar centralizada em 2030 — São Paulo tem pouco mais de 874 MW de solar centralizada e 754 MW de geração distribuída.

O estado também lançou um edital para uma planta de geração solar flutuante na represa Guarapiranga e colocou como meta implantar sua primeira grande fazenda solar até 2025.

Na semana passada, o governador João Dória (PSDB) aderiu às campanhas Race to Zero e Race to Resilience por meio de decreto, e transformou em lei a descarbonização da economia paulista.

O plano é dividido em cinco eixos: eletrificação acelerada, combustíveis avançados, eficiência sistêmica, resiliência e Soluções Baseadas na Natureza, e finanças verdes e inovação.

E o investimento total — público e privado — para a transição é estimado em 5% do PIB paulista até 2050.

“Ao setor público caberão os passos iniciais, para conferir credibilidade no Plano de Ação Climática, na Política Estadual de Mudanças Climáticas e em todo o arcabouço legal nacional alinhado aos objetivos do Acordo de Paris”, diz o documento.

Em entrevista à epbr, Eduardo Trani, subsecretário estadual de Meio Ambiente, explica que o projeto busca um equilíbrio entre as diferentes rotas de descarbonização do estado.

“Estamos focando na energia solar, na participação dos biocombustíveis e, no longo prazo, pensar em combustíveis avançados, como o hidrogênio, que alguns países já estão começando a desenvolver. E a transição com o gás natural”, conta.

Segundo Tarani, que também é coordenador-geral do plano, o governo fará uma campanha nos próximos meses para melhorar as diretrizes e até setembro ter um texto mais “robusto”.

A previsão é que o documento final fique pronto em julho de 2022.

A consulta espera ouvir os setores automotivo, químico e de transportes, entre outros.

“Vamos ouvir a sociedade e melhorar as diretrizes. Não temos como imaginar a rota de descarbonização de São Paulo sem verificar todos os componentes”, diz.

Eletrificação acelerada

De olho na transformação energética trazida pela expansão da eletrificação, o primeiro eixo do plano climático aborda novas fontes renováveis de energia, sistemas de armazenamento, e segurança energética.

As metas incluem a implantação, até 2025, da primeira grande fazenda solar no estado; 1,5 GW de energia solar centralizada até 2030; e garantir forte presença da fonte na matriz elétrica paulista até 2050.

“A estratégia é de diversificação da matriz”, destaca Ricardo Cantarani, assessor da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de SP.

Ele explica que o potencial remanescente das hidrelétricas no estado é pequeno, mas, em compensação, há um elevado potencial para geração de energia a partir de biomassa, biogás, solar e aproveitamento de resíduos sólidos.

“Trabalhando dessa forma, entendemos que estamos ampliando a participação das renováveis e mitigando a sazonalidade das fontes e a componente de custo”, completa.

Combustíveis avançados

Outro objetivo é acelerar a transição para uma economia de baixo carbono com bioenergia, hidrogênio verde e “impulso aos diversos combustíveis de próxima geração”.

Com isso, o governo espera atrair “mais de uma dezena de bilhões de reais em investimento privado até 2030”.

As metas são:

  • Até 2030, viabilizar planta operacional produzindo hidrogênio em escala pré-comercial; inserir na rede eletricidade obtida a partir do biometano e; implantar cluster industrial operacional com captura e armazenamento de CO2.
  • Utilizar o HVO, também conhecido como diesel verde, em substituição ao diesel fóssil no transporte de cargas em 2040, e comercializar hidrogênio progressivamente no estado em 2050.

“Queremos aumentar a penetração dos biocombustíveis, desenvolvendo também o aproveitamento das vocações regionais”, destaca Cantarani.

E cita como exemplo projetos de corredores azuis e o uso de biometano pelo setor de etanol para substituir o diesel nos equipamentos pesados, como tratores e caminhões usados na logística.

A eletrificação também deve passar pelos biocombustíveis.

“Não vemos uma solução que ignore os biocombustíveis. A tendência aqui no Brasil é de veículos híbridos, porque a ideia é conseguir, dentro da política setorial, combater as mudanças climáticas, mas também manter os setores que já contribuem para a nossa economia”, explica.

Já em relação ao hidrogênio, Ricardo conta que a proposta é aproveitar as diferentes rotas, como eletrólise, gás natural e captura de carbono — estratégia indicada também no Programa Nacional de Hidrogênio.