Publicado em: 14/11/2014 às 09:10hs
A chuva dos últimos dias não foi suficiente para, depois de tantos meses de seca, ajudar na recuperação de propriedades rurais que recebemo turismo rural.
Os agricultores torcem para que chova bastante para a vida nos sítios voltar ao normal. Por enquanto, a estiagem ainda tem reflexos no dia a dia, prejudicando a plantação e o pasto de animais nos sítios.
Na propriedade de Norberto dos Santos, em Salesópolis (SP), a grama bem seca pode ser vista por todos os lados, porém esse não é o maior problema. Ele conta que sem a chuva, a plantação orgânica que o agricultor tinha não existe mais, e como o mato cresceu muito, as vacas escolheram esse local para pastar. "O milho, que a gente usava para cozinhar para os turistas, para fazer pamonha, essas coisas, esse ano não deu para plantar nada. Acho que nem vai dar mais, porque já está bem atrasado. Só tem um pouco de cana que foi plantado no ano passado, nesse ano nós não plantamos nada por causa da falta de chuva", lamenta.
O produtor rural diz ainda que, mesmo se tivesse cana, não haveria como moer para os turistas pois uma das principais atrações do sítio não pode ser usada por causa da estiagem. A roda d'água parou de funcionar há dois meses. Norberto conta que o ribeirão que fazia ela rodar, secou. "Faz três anos que quando vem a seca mesmo, ela acaba parando. Seca mesmo. E nesse ano é o que está mais tempo parado, já faz dois meses que não vem água nenhuma no ribeirão", lamenta.
Segundo o agricultor, a sorte é que mesmo com a seca, o movimento do turismo continua normal cerca de 20 visitantes por fim de semana. Além das refeições, esses turistas podem ver a área verde preservada, o que ajuda a manter o Rio Paraitinga que corre no fundo do sítio. Para Norberto, resta torcer para que a crise passe logo. "Eu acho que a pior parte já tá passando. A gente espera que volte a chover bastante, que as coisas voltem ao normal e a gente continue tocando a vida normal".
Em outra propriedade, em Suzano (SP), o agricultor Ademir Parisoto diz que nesta época, a visita de turistas é mais tranquila, mas no primeiro semestre o sítio recebe cerca de 30 pessoas por mês. Preocupado com o começo de 2015, o produtor acredita que não terá frutas para colher e fazer as geleias e sucos para os turistas. "Pela falta da água, elas entram em um estresse hídrico. Elas param de produzir muitas vezes, podem até abortar esses grãos, esses cachos, para preservar a vida dela, o próprio pé. Eu não sei se isso vai chegar a acontecer, se continuar a falta d'água".
Outro problema é a produção de queijos que, segundo Ademir, os turistas adoram. Três cabras da propriedade que estão em lactação, juntas, as vezes não enchem um balde por dia. O ideal seria elas produzirem 5 litros. O produtor explica que isso também é culpa da seca, que está afetando a alimentação do rebanho. "Falta de capim, automaticamente diminui ou para a produção do leite. E aí vai faltar para a gente estar servindo no café da manhã, fazendo o queijo que eles também consomem e depois no ponto de venda para estar levando para a casa".
Com medo de faltar, em alguns dias Ademir chega a congelar o leite para ter de reserva quando as visitas voltarem a aparecer. Ele diz que mesmo sabendo que poderia investir, se vê diante de um impasse para se prevenir caso falte chuva em outros anos. "O interessante é ter um tanque ou um reservatório para poder fazer irrigação. Mas aí já tem problema com fiscalização, tem que ter autorização, tem um custo alto. Então precisa ver se compensa o custo para depois o lucro", argumenta.
Fonte: G1
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