Orgânico

O IICA colaborará com a produção orgânica da região peruana de Huancavelica e o município brasileiro Santa Clara do Sul

Um dos objetivos do convênio é aumentar a quantidade de regiões incorporadas ao sistema de agricultura orgânica, como um exemplo de produção social, produtiva, comercial e ambientalmente sustentável.


Publicado em: 16/03/2021 às 08:40hs

O IICA colaborará com a produção orgânica da região peruana de Huancavelica e o município brasileiro Santa Clara do Sul

O Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) trabalhará em conjunto com o município brasileiro de Santa Clara do Sul e a região peruana de Huancavelica em projetos para o fortalecimento e posicionamento deles como modelos de produção orgânica, de acordo com um convênio assinado entre as três partes que reconhece a tarefa destes governos subnacionais na promoção deste tipo de agricultura. 

O município de Santa Clara do Sul implementa o programa “Santa Clara Mais Saudável” para desenvolver uma cultura de produção e consumo de alimentos saudáveis e livres de pesticidas. Pelo seu lado, o governo regional andino implementa o programa “Huancavelica Región Orgánica,” com o fim de aumentar a superfície orgânica do Peru, reduzir os índices de pobreza, aumentar as rendas dos produtores e melhorar a qualidade de vida das comunidades da região.  

O acordo estabelece que o IICA, por meio das suas representações na Argentina, Brasil e Peru, e a cooperação com a Comissão Interamericana de Agricultura Orgânica (CIAO), apoiará a Huancavelica e Santa Clara do Sul na identificação de experiências de casos de sucesso para compartilhar, coordenar e facilitar as contribuições técnicas que ambos governos requerem para enfrentar o desenvolvimento da atividade orgânica.

“A capital de Huancavelica está em 3.685 metros de altura, porém a região tem muitos microclimas. Essa é a dispensa da biodiversidade do mundo, porque aqui produzimos de tudo. As vezes se pensa que é uma região pobre, más é rica. Com a pandemia ninguém passou fome. Estivemos vários meses em confinamento e sobrevivemos com nossa produção agropecuária, ” explicou Maciste Alejandro Díaz Abad, governador regional de Huancavelica.

“Mais de 70 por cento da nossa gente, ” acrescentou, “se dedica à agricultura e pecuária. Essa atividade é o nosso futuro e a produção orgânica vai mudar a qualidade de vida da população. O consumo de orgânicos aumentou no mundo, porque graças à pandemia começaram a ser mais valorizados os alimentos saudáveis. ”

Pelo seu lado, o prefeito de Santa Clara do Sul, Paulo Cézar Kohlrausch, celebrou a assinatura do convênio como um motivo de “orgulho e alegria” e valorou especialmente a possibilidade de intercambiar experiências com Huancavelica, por meio de profissionais e técnicos que colaboram com ambos governos. Kohlrausch assinalou que a escolha de desenvolver a produção orgânica é um “posicionamento estratégico” para o desenvolvimento econômico e social do município. 

“Consideramos que a sustentabilidade é fundamental e que a produção de alimentos saudáveis deve ser a base de uma economia preocupada pelo ser humano. Nós somos produtores de alimentos. E apostamos em uma produção que preserve a saúde do produtor, do ambiente e do consumidor, ” disse o prefeito brasileiro. 

 O diretor geral do IICA, Manuel Otero, informou que serão aprofundadas as transformações no agro e que é hora de pensar não somente em volume senão também em qualidade, ou seja, em alimentos mais nutritivos e saudáveis. 

Neste sentido, considerou que a produção orgânica “sintetiza o espírito das novas abordagens produtivas, já que a agricultura de hoje tem que estar necessariamente em harmonia com a natureza; o conceito de agricultura extrativa tem que ser erradicado. ”

Otero celebrou o convênio de cooperação técnica como um primeiro passo para “que estas regiões se juntem a outras e se aumente a oferta de produtos saudáveis, de modo que nossas zonas rurais sejam cada vez mais prósperas. Temos que comprometer-nos a que este acordo melhore a qualidade de vida da nossa gente nas zonas rurais. ” 

A cerimônia de assinatura do acordo, realizada de forma virtual, foi moderada pela secretária executiva do CIAO, Graciela Lacaze, e contou com a participação dos representantes do IICA na Argentina, Brasil e Peru; Caio Rocha, Héctor Cortés e Gabriel Delgado, respectivamente.  

Também estiveram presentes Rommel Betancourt, presidente do CAIO, e Ricardo Parra, titular do Movimento Argentino para a Produção Orgânica (MAPO).

Um dos objetivos do convênio é aumentar a quantidade de regiões incorporadas ao sistema de agricultura orgânica, como um exemplo de produção social, produtiva, comercial e ambientalmente sustentável. Também procuramos posicionar a agricultura orgânica como um sistema de produção inovador que contribui à inclusão de gênero e da juventude. 

O acordo também promove especificamente a cooperação em objetivos como a certificação para mercados internacionais, a adoção de novas tecnologias, o apoio à participação na Feira de Alimentos Orgânicos de Madrid 2021, o relacionamento com universidades e a introdução à bioeconomía como ferramenta de melhora da produtividade e melhor uso de recursos. 

O interesse que foi gerado pelo convênio de cooperação se vê no fato de que a cerimônia de assinatura do acordo foi seguida por 2234 pessoas em 16 países das Américas e na Espanha por meio das redes sociais e das diferentes plataformas nas que foi transmitida em direto.  

Caio Rocha, que também exerce a função de Coordenador Regional do IICA para a Região Sul, explicou que Huancavelica e Santa Clara do Sul foram escolhidos pelo compromisso que demonstraram as suas autoridades com a agricultura orgânica. 

“O acordo terá um impacto importante, porque vai promover o intercâmbio de experiências e a certificação de produtos orgânicos para mercados como os da Europa e dos Estados Unidos. Precisamos ter sustentabilidade na nossa produção agrícola e os orgânicos são uma grande alternativa, ” assegurou. 

Parra, finalmente, enfatizou que o convênio não é útil somente para cuidar do produtor e do consumidor e preservar o meio ambiente, senão também para favorecer o arraigo dos produtores de alimentos às zonas rurais. “É essencial, ” considerou “que a mudança para as cidades dos habitantes de campo seja uma decisão e não uma necessidade. Precisamos que a juventude permaneça nas zonas rurais. E fazer crescer o orgânico está relacionado com essa expectativa. ”