Publicado em: 28/06/2013 às 14:40hs
Regido desde 2011 por um novo marco regulatório, o setor tem crescido 20% ao ano e deve continuar crescendo na casa dos dois dígitos até 2015, impulsionado pelo crescimento do mercado interno.
Segundo Ming Lu, coordenador executivo do projeto Organics Brasil, do Instituto de Promoção do Desenvolvimento (IPD), desde a regulamentação da Lei 10.831, que estabelece os parâmetros de organização da produção e certificação dos orgânicos, ocorrida em 2011, a tendência é que o mercado brasileiro siga os passos do mercado de orgânicos dos Estados Unidos. Em 1999, a regulamentação do setor no país atraiu grandes players do agronegócio e do mercado de alimentos. "Ao invés de fazerem os investimentos na produção a partir de matéria-prima orgânica, eles compraram empresas que já atuavam no mercado, mas não atrelavam o nome deles a essas marcas", conta Lu. "Aqui, é questão de tempo para as empresas entrarem no mercado. E elas vão fazer aquisições", acredita.
O aumento da participação do mercado interno dentro das vendas de produtos orgânicos também atrai investimentos. Em 2012, a venda de produtos orgânicos na rede Pão de açúcar cresceu cerca de 30%, e em 2011 o aumento registrado foi de 40%.
De acordo com os dados coletados pelo IPD, o setor de orgânicos faturou cerca de R$ 1,5 bilhão no ano passado, e neste ano deve manter o crescimento de 20%, o que daria um rendimento de R$ 1,8 bilhão. Para 2014, a expectativa é alcançar os R$ 2 bilhões. Dentro das 76 empresas cadastradas no Projeto Organics Brasil, que promove a produção brasileira de orgânicos no mundo, mercado interno representa 50% de suas vendas, ante 30% em 2005.
A usina sucroalcooleira Jalles Machado, o segundo maior exportador de açúcar orgânico do País, que exportou 30 mil toneladas de açúcar orgânico no ano passado, decidiu neste ano começar a fornecer o produto para o mercado brasileiro. Já neste ano a meta é vender 5 mil toneladas de açúcar orgânico para o varejo brasileiro e para as indústrias nacionais de alimentos .
Para competir com outras marcas de açúcar orgânico que já vendem para o consumidor nacional, como a Native, a Jalles Machado venderá seu produto tanto sob sua marca própria como por meio de marcas de outras empresas, e pretende focar inicialmente os mercados de pequeno porte. O gerente comercial da usina, Lucas Galdioli, diz que o carro-chefe das vendas continuará sendo o mercado externo. "O Brasil está abrindo o olho para o mercado orgânico só agora", avalia.
O açúcar orgânico é a commodity mais desenvolvida no Brasil. O País produz hoje 84 mil toneladas do produto orgânico, o que representa 70% do consumo mundial. O Brasil também é o maior exportador de açaí do mundo, com um fluxo de mais de 30 mil toneladas por ano.
Além de fornecer produtos alimentícios para o consumidor e para as indústrias processadoras, a agricultura orgânica brasileira já serve ao mercado de tecidos para roupas e acessórios, cosméticos, material de limpeza.
Ming Lu, do Organics Brasil, acredita que a entrada de grandes empresas não deve afetar o mercado tradicional de orgânicos, de produtores de menor porte. Neste ano, R$ 13,2 bilhões do Plano safra de Agricultura familiar serão destinados para incentivar a produção natural. Atualmente há 20 mil agricultores que têm a certificação de produtores orgânicos, com a qual têm acesso a linhas de financiamento, seguro rural, assistência técnica e acesso a programas específicos de compras públicas. Porém, em um censo realizado em 2006, mais de 90 mil agricultores afirmaram que realizam produção orgânica.
Fonte: DCI - Diário do Comércio & Indústria
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