“A primeira vez que viajei de avião, pensei: e se eu conseguisse plantar alface e vender para essa companhia aérea? Minha produção vai atravessar o mundo todo”. Foi assim que, há 16 anos, Idalécio Barbetta, 43, iniciou sua trajetória na agricultura familiar. O barriga-verde abandonou a cidade natal, Laurentino (SC) para apostar em um mercado que, na época, não era muito explorado na capital do País: o de produção de orgânicos. Com apoio de programas do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Idalécio transformou a ideia em uma oportunidade de aumentar a renda com o trabalho que ama.

“Sou nascido e criado no campo. Minha família é toda da agricultura. Lembro que meu pai vendia unidades de repolho a poucos centavos. Quando cheguei, em Brasília, vi que os preços eram melhores e vislumbrei uma chance”, contou. Além de fornecer pés de alface para uma companhia aérea brasileira, Idalécio começou a pensar em outras formas de trabalhar com a agricultura familiar. Comprou terra, prospectou novos clientes e virou fornecedor de um restaurante de alimentos naturais e orgânicos.

O estabelecimento precisava de variedade de frutas, legumes e verduras. Idalécio procurou, então, auxílio de políticas públicas voltadas para o meio rural. Foi com o incentivo do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) que Idalécio conseguiu aumentar sua produção para atender a demanda do restaurante.

A ideia era, apenas, fornecer matéria prima para as receitas do cardápio. Com o tempo – e a aprovação dos clientes -, Idalécio passou a vender o excedente na área externa do estabelecimento. Hoje, ele planta mais de 20 itens e conta com cerca de 300 consumidores fiéis que visitam a feira às quartas-feiras e sábados.

A demanda é tão grande que Idalécio comprou um trator pelo Mais Alimentos – programa do MDA que financia máquinas, tratores e implementos agrícolas a juros de 0,5% a 2% ao ano, com até 10 anos para pagar e até três de carência.

A ação do MDA já contribuiu com mais de 600 mil máquinas e tratores para agricultores que, como Idalécio, acreditam no potencial do campo. “Gosto de ser multiplicador dessa ideia. Afinal, foi por meio dos produtos orgânicos que constituí minha família e realizei os sonhos que trouxe na mala”, lembrou.