Publicado em: 29/11/2013 às 15:20hs
A Gecco, uma pequena empresa de Lille, no norte da França, descobriu com uma nova tecnologia de reciclagem do óleo de cozinha como levar ao limite a política de sustentabilidade nos negócios. Todo o produto é recolhido gratuitamente nos restaurantes da cidade com bicicletas elétricas, o que gera um impacto menor no ambiente do que a coleta com veículos automotores. Mas não é só: o salário dos sete recolhedores são equivalentes aos ganhos dos diretores da companhia. Os executivos da Gecco ganham € 2 mil por mês, pouco mais de R$ 6 mil, e o empregado com a renda mais baixa na empresa recebe € 1,3 mil, ou pouco menos de R$ 4 mil.
"Nosso objetivo é implantar um modelo de solução local que leve em conta tanto o impacto ambiental quanto social. O simples fato de o dono de um restaurante perceber que a coleta do óleo de cozinha que ele jogaria fora é recolhido com bicicletas elétricas o leva a se engajar no projeto. Ele percebe que o compromisso ambiental é sério e, em vez de jogar o óleo usado pelo ralo da pia, começa a armazená-lo adequadamente até que nosso pessoal passe pelo restaurante", diz Julien Pilette, gerente e fundador da Gecco.
Criada em 2001, a Gecco já recolheu 1,5 milhão de litros de óleo de cozinha. Por mês a coleta chega a 20 toneladas. O serviço não custa nada aos donos de restaurantes. Todo o óleo recolhido é tratado. A empresa tem financiamento da União Europeia e parceria com o laboratório de Físico-Química do Processo de Combustão e Atmosférica (PC2A) da Universidade de Lille e com o Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS), uma organização pública científica e tecnológica supervisionada pelo Ministério da Educação Superior e da Investigação da França, para estudar a composição e o processamento de óleos vegetais usados na combustão em motores a diesel.
Oitenta por cento do óleo de cozinha coletado é reaproveitado. O produto reciclado é usado como aditivo do diesel por uma empresa belga. A tecnologia, que os donos da Gecco não detalham, não é tão inovadora assim, admitem. Primeiro, o óleo é limpo de impurezas, como a água e os restos de alimentos. Depois, passa pela reciclagem que o transforma em um equivalente do bioetanol. O mais importante, segundo os técnicos da Gecco, é que a tecnologia da empresa resulta em um menor impacto ambiental.
"Nossa tecnologia é inédita, mas existem outras técnicas que chegam ao mesmo resultado: o biodiesel. Não se trata de um processo inovador, mas que tem como novidade a redução no consumo de energia, que é de 50% a 80% menor, com menos emissão de gases do efeito estufa", afirma Michel Millares, diretor de pesquisa e desenvolvimento da Gecco. "A grande inovação é a proposta de mudança. O impacto social, por exemplo, não se mede apenas pelo número de empregos que o negócio gera, que ainda é pequeno, mas no exemplo provocado pela redução das diferenças entre os salários máximo e mínimo", diz Julien Pilette, gerente da Gecco.
Fonte: Idea Online
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