Publicado em: 06/12/2012 às 17:50hs
Segundo ela, a extensão do único acordo climático obrigatório em vigência vai assegurar a continuidade de um sistema multilateral baseado em regras rígidas, que “garante a integridade ambiental de mitigação” por parte dos países desenvolvidos que estão sob o Protocolo Kyoto.
No discurso, Izabella afirmou que as negociações climáticas se encaminham para uma nova fase, que deverá fortalecer ainda mais princípios como o das “responsabilidades comuns, porém, diferenciadas”, permitindo um maior engajamento dos países envolvidos na discussão sobre o clima.
O princípio oficializa que se espera dos países ricos maior empenho financeiro para implementação de ações, pelo fato de virem degradando o ambiente há mais tempo e de forma mais intensa.
Durante o tempo em que discursou a outros ministros de Estado e diplomatas presentes em Doha, a ministra apresentou também iniciativas brasileiras para reduzir as emissões de gases, entre elas redução do desmatamento da Amazônia.
Na última semana, o governo anunciou queda de 27% na degradação da Amazônia Legal (área que engloba os estados que possuem vegetação amazônica – todos os da Região Norte, além de Mato Grosso e parte do Maranhão), considerado o menor índice de desmatamento desde que foram iniciadas as medições, em 1988, pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
De acordo com dados do sistema conhecido como Prodes (Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal), entre agosto de 2011 e julho de 2012 houve o desmatamento de 4.656 km² de floresta, área equivalente a mais de três vezes o tamanho da cidade São Paulo.
A ministra finalizou defendendo que o desafio de recuperar áreas desmatadas e degradadas no Brasil não deve resultar em novas formas de exclusão social e ambiental do pequeno proprietário, tema que foi amplamente discutido durante debate sobre o novo Código Florestal, sancionado pela presidente em outubro deste ano.
“Temos de encontrar formas inovadoras para lidar com a produção de alimentos, com a gestão sustentável dos recursos naturais e com a conservação da diversidade biológica, considerando os serviços ambientais essenciais para uma nova economia sustentável”, disse Izabella.
Negociações – A União Europeia e os Estados Unidos jogaram um balde de água fria naqueles que esperavam um compromisso ambicioso de ajuda aos países do sul que reivindicam US$ 60 bilhões até 2015, na conferência sobre o clima realizada em Doha.
Esta ajuda era considerada uma condição para o avanço das negociações de um segundo período de vigência para o Protocolo de Kioto. “Os tempos são difíceis para as finanças na Europa”, disse à imprensa o negociador europeu, Pete Betts. “Nós, assim como outros países desenvolvidos, não poderemos nos comprometer até 2015″, afirmou.
Embora Reino Unido e Alemanha tenham informado sobre o dinheiro que vão dedicar a este tema nos próximos anos, não se trata de recursos novos. Os países em desenvolvimento pedem US$ 60 bilhões até 2015 para garantir uma transição entre a ajuda de emergência decidida em Copenhague em 2009, incluindo US$ 30 bilhões no período 2010-2012, e a promessa de US$ 100 bilhões até 2020.
Este dinheiro se destina particularmente a ajudar estes países a enfrentar os efeitos das mudanças climáticas como os eventos extremos. “Se a questão é saber se haverá anúncios aqui sobre novas promessas, não é a questão adequada”, disse o negociador americano Jonathan Pershing. Trata-se de um dos principais obstáculos para as negociações no âmbito das Nações Unidas sobre o clima, que se encerrarão na madrugada de sábado.
“Queremos ver o dinheiro sobre a mesa antes de partirmos”, disse o negociador da Gâmbia, Ousman Jarju, que representa os países menos desenvolvidos. A secretária de Estado do Meio Ambiente alemã, Katherina Reiche anunciou nesta quarta-feira US$ 800 milhões “adicionais” para os anos 2013-2014. “Esperamos que isto permita aportar um pouco de movimento às negociações”, disse.
Na véspera, o Reino Unido tinha anunciado que gastará 1,8 bilhão de libras (US$ 2,8 bilhões) em 2014-2015, mas as ONGs criticaram que se tenha anunciado algo que já está no orçamento.
Fonte: Globo Natureza
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