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Castanheira-do-brasil: importância da espécie para a região amazônica


Publicado em: 14/12/2012 às 17:45hs

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A castanheira-do-brasil (Bertholletia excelsa H.B.K.) é espécie nativa da região amazônica brasileira, ocorrendo também em outros países da América Latina, a saber: Bolívia, Peru, Venezuela, Colômbia e Guianas. Espécie florestal de grande porte, que pode alcançar até 50 m de altura e 2 m de diâmetro na base, ocorre em terras firmes que apresentam solo argiloso ou argilo-arenoso, mas sua maior ocorrência é em solos de textura média a pesada (solos mais argilosos).

Dados provenientes de áreas de plantio têm mostrado que a espécie exibe bom crescimento em altura e diâmetro ainda que em solos de baixa fertilidade, que apresentam pH ácido, baixos valores de saturação de bases (V%) que é a quantidade de nutrientes como cálcio (Ca), magnésio (Mg), potássio (K) presentes no solo comparados com o hidrogênio-H (responsável pela acidez) e Alumínio-Al (tóxico), solo distrófico (porcentagem de saturação por bases (V) inferior a 50%, caracterizando solos de fertilidade média ou baixa), baixa capacidade de troca de cátions (CTC) que corresponde ao total de cargas negativas que o solo apresenta,  responsável por segurar os nutrientes no solo, como Ca, Mg, K e altíssimos valores de saturação de alumínio (para a maioria das culturas esse elemento químico é tóxico, não sendo um nutriente).

Em plantio efetuado em Machadinho do Oeste, estado de Rondônia, foram encontrados os seguintes dados médios de altura comercial, DAP (diâmetro a 1,30 m do solo) e volume comercial por árvore aos 272 meses (22,6 anos) após plantio: 18,6 m, 53,7 cm, 2,96 m3, respectivamente.

A castanheira é importante devido à produção de frutos chamados ouriços, cujas sementes têm alto valor nutritivo podendo ser consumidas “in natura” ou misturadas com outros alimentos. As amêndoas são vendidas nos mercados nacional e internacional.

Levando em conta o valor dessa espécie e seu crescimento, ela é uma importante opção para cultivo em áreas de plantio na Amazônia, tanto em sistemas agroflorestais, como em monocultivo, sobretudo como alternativa para reposição florestal.

Outra finalidade, quando em áreas de plantio, é a madeireira. Pode ser indicada para construção civil interna leve, painéis decorativos, tábuas para assoalhos e uso geral, juntas coladas, encaixadas, fabricação de embalagens, etc. Vale lembrar que a exploração de exemplares nativos para madeira é proibida por lei.

Produção

Em castanhais nativos, a produção começa do 12º ao 14º ano de idade e a produtividade média, em castanhais com mais de 50 anos, varia de 16 a 55 latas por árvore. Em plantios experimentais, a planta tem alcançado início de produção no 11º ano.

Deve-se ter em conta o objetivo do plantio para definir espaçamento entre plantas. Se a finalidade for produção de madeira, a densidade inicial deve ser de 4 m x 4 m, com desbastes baseados em avaliações periódicas a serem realizados quando o plantio entrar em competição, tendo como meta que o número de árvores a ser retirado no corte final deve ser próximo de 160 árvores por hectare. Estima-se que os desbastes ocorram no 8º, 15º e 20º ano. Em sistemas consorciados com culturas perenes e/ou semi-perenes, o espaçamento indicado pode ser de 12 m x 12 m correspondendo a 69 plantas/ha.

O período de coleta de sementes em Rondônia ocorre nos meses de dezembro a março. É importante, quando da produção de mudas, utilizar sementes oriundas de matrizes produtivas que apresentem sementes grandes e largas, utilizando-as logo após a coleta. Devem-se usar sementes que não tenham perdido a umidade, pois o poder germinativo decai rapidamente.

O processo de produção de mudas exige a retirada do tegumento, que deve ser feito de acordo com prática já testada anteriormente, sendo que todas as informações necessárias estão disponíveis em : http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Castanha/CultivodaCastanhadoBrasilRO/mudas.htm

Como o tempo de produção das mudas, entre a semeadura das sementes e o plantio no campo é demorado, por volta de 12 meses, recomenda-se o planejamento antecipado do cultivo.

Marília Locatelli pesquisadora da Embrapa Rondônia, e-mail marilia.locatelli@embrapa.br

Fonte: Embrapa Rondônia

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