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Brasil Potência Florestal

Salomão destaca que o Brasil tem condições de ser potência florestal em 2020, como são os EUA, Canadá, China e Rússia


Publicado em: 24/08/2011 às 14:26hs

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Enquanto o Congresso discute o novo Código Florestal, a proposta de política pública para desenvolver o setor florestal elaborada por um grupo interministerial, reunindo oito ministérios, o BNDES e o Ipea, não vem recebendo atenção do Executivo.
 
Tal proposta tem três objetivos básicos: (1) aumentar a área de florestas plantadas no país dos atuais 7 milhões para 15 milhões de hectares (ha), em dez anos, aproveitando nossas inigualáveis vantagens comparativas (terras, água, trabalhadores e muito sol, responsável pela produtividade); (2) expandir as cadeias produtivas da madeira: papel, celulose, painéis de madeira, bioenergia (lenha, carvão vegetal e pellets), móveis, madeira serrada e toras industriais; e (3) estruturar um mercado de madeira organizado.
 
Organizar o mercado de madeira é a melhor estratégia para tornar não competitiva a madeira oriunda do desmatamento clandestino, reduzindo a pressão sobre as florestas nativas.
 
Há grande oportunidade também para formar-se um novo setor agroindustrial no Brasil, equiparável aos já poderosos setores sucroalcooleiro, de carnes e do complexo soja. Isso é essencial para reforçar e diversificar nossa posição de liderança no mercado mundial de commodities.
 
A urbanização e elevação do padrão de vida de milhões de pessoas em curso no mundo, em especial nos países emergentes, manterá aquecida a demanda por alimentos, por materiais de construção e por bioenergia. Apesar de a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustívies) e o Ministério de Minas e Energia não terem qualquer política para a madeira como biocombustível, a queima do carvão vegetal, lenha e resíduos da indústria florestal representou cerca de 10% a 12% da geração total de energia do país, nos últimos anos, participação pouco inferior à da hidreletricidade.
 
A madeira é nossa quarta fonte mais importante de energia primária, atrás apenas dos hidrocarbonetos, da cana de açúcar (porém maior que a do álcool ou do bagaço isoladamente) e da hidreletricidade. E é praticamente neutra em matéria de emissão de gases do efeito estufa.
 
A área plantada de florestas brasileiras pode crescer ao ritmo de 1 milhão de ha/ano (o mesmo dos EUA) se, além do fomento das empresas de base florestal e das linhas de crédito do BNDES, voltarem a operar os FIP-Florestais, que captaram R$4 bilhões em 2009.
 
Além de proteger as florestas nativas, a oferta abundante de madeira legal demandará, na próxima década, investimentos de R$40 bilhões no plantio e R$130 bilhões nas indústrias consumidoras de madeira. Isso gerará cerca de um milhão de novos empregos. Ademais, as exportações anuais de produtos de origem florestal poderão se elevar dos atuais US$7 bilhões (concentrados em celulose) para algo como US$25 bilhões em 2020.
 
O Brasil tem condições de ser potência florestal em 2020, como são os EUA, Canadá, China e Rússia. Faltam, apenas, instituições adequadas para desenvolver o setor com eficiência, segurança jurídica e respeito ao meio ambiente e aos trabalhadores. Cabe ao Estado suprir tal lacuna, mediante reformas institucionais necessárias. Para esse efeito, 2020 é quase amanhã.

LUIZ ALFREDO SALOMÃO é engenheiro e foi secretário executivo da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República

Fonte: Painel Florestal

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