Feijão e Pulses

Aumenta a produtividade do feijão-caupi na região Pré-Amazônia com a inoculação com rizóbios

O feijão-caupi, também conhecido como feijão macaçar ou feijão-de-corda é cultivado predominantemente nas regiões Norte e Nordeste


Publicado em: 13/11/2008 às 16:43hs

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O feijão-caupi, também conhecido como feijão macaçar ou feijão-de-corda é cultivado predominantemente nas regiões Norte e Nordeste, principalmente por sua adaptação às condições edafoclimáticas. Nestas regiões o rendimento médio é de 300 a 400 kg ha-1, abaixo do potencial da cultura que pode chegar até 6t/ha (FREIRE FILHO et al., 1998).

 

Essa leguminosa tem a habilidade de se associar com bactérias do solo do grupo rizóbios e desencadear o processo de fixação biológica de nitrogênio, suprindo parte da nutrição nitrogenada pela planta. Entretanto, para alcançar uma fixação efetiva do nitrogênio no sistema rizóbio-leguminosa, é necessário selecionar estirpes adaptáveis às áreas de cultivo.

 

No Brasil, já existem estirpes de rizóbios para feijão-caupi que foram recomendadas a partir de resultados em área da Caatinga, Cerrado e Amazônia. Até o momento não havia sido realizado estudo de eficiência dessas estirpes para a região Pré-Amazônia, que abrange os Estados do Maranhão, do Tocantins e do Mato Grosso

 

Dada a sua posição geográfica em uma zona de transição entre os biomas Amazonia e Cerrado, o Maranhão é um dos estados da região Nordeste do Brasil que apresenta algumas peculiaridades e especificidades expressivas como: grande diversidade de ecossistemas, variabilidade espacial e alta pluviosidade média; características dos solos que, em grande parte, derivam de rochas sedimentares e por isso apresentam estrutura frágil, baixa capacidade de retenção de cátions e baixos teores de nutrientes como sódio, cálcio e magnésio; intensa insolação equatorial que acelera a decomposição da matéria orgânica, que no trópico é muito importante, pois neutraliza a acidez tóxica do alumínio e mantém a estrutura do solo.

 

A partir de parcerias entre a Embrapa Meio-Norte, a Universidade Estadual do Maranhão e a Embrapa Agrobiologia (Seropédica-RJ), ensaios exploratórios foram realizados considerando as particularidades da região Pré-Amazônia.

 

Os estudos foram realizados em propriedades agrícolas dos municípios de Zé Doca e Santa Luzia do Paruá, com a participação direta dos agricultores familiares, utilizando as estirpes já recomendadas pelo MAPA e uma nova estirpe de rizóbio (BR 3299).


 

Figura 1: Raízes de feijão-caupi inoculado, Município de Zé Doca-MA (Ciclo: 2008)

 

Os resultados obtidos foram acima das expectativas. A inoculação com a estirpe BR 3299 foi responsável pelo incremento de 214% (1.247 kg/ha) em relação ao tratamento não inoculado. Em relação ao tratamento com NPK  o incremento foi de 67%. Além da vantagem para a substituição, total ou parcial, dos adubos nitrogenados, pelo suprimento à cultura com o N necessário para o seu crescimento e desenvolvimento, a fixação biológica de nitrogênio também apresenta outras vantagens através do aumento da parte aérea que representa uma reserva de nutrientes com a decomposição da matéria orgânica, e a diminuição dos custos de produção e economia de combustíveis fósseis utilizados para a fabricação de fertilizantes nitrogenados.


 

Figura 2: Plantio Direto de  Feijão Caupi Inoculado,  Santa Luzia do Paruá-MA (Ano: 2008)

 

O custo do inoculante representa cerca de R$ 8,00, suficiente para uma área de 1ha. Portanto, essa tecnologia representa um instrumento para viabilizar sistemas de produção do feijão-caupi para a região Pré-Amazônia.

 

Antonio Carlos Reis de Freitas - Embrapa Meio-Norte, Norma Gouvêa Rumjanek e Gustavo Ribeiro Xavier - Embrapa Agrobiologia

Fonte: Embrapa Agrobiologia

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