Publicado em: 24/10/2025 às 11:30hs
O mercado global do açúcar enfrenta um período de forte volatilidade, com oscilações nos contratos futuros influenciadas tanto pela valorização do petróleo quanto pela perspectiva de uma safra global superavitária. Entre quinta (23) e sexta-feira (24), os preços passaram de altas impulsionadas por combustíveis para quedas diante de projeções de oferta robusta.
Na quinta-feira (23), os contratos futuros do açúcar subiram nas bolsas internacionais, acompanhando a valorização superior a 5% do petróleo, que também impactou os preços da gasolina e do etanol. Segundo o portal Barchart, o barril de petróleo atingiu o maior valor em duas semanas, reflexo do endurecimento das sanções dos Estados Unidos e da União Europeia contra a Rússia, o que pode reduzir a oferta global de combustíveis fósseis.
A valorização do petróleo tende a favorecer o etanol, levando usinas a destinarem mais cana à produção de biocombustível e, consequentemente, reduzindo a oferta de açúcar. No Centro-Sul brasileiro, o mix de cana direcionado ao açúcar segue acima de 50%, mantendo a produção pressionada. A consultoria DATAGRO projeta aumento de 4% na produção de açúcar em 2026/27, mantendo proporção semelhante à atual.
Na sexta-feira (24), o cenário se inverteu. O contrato de março/26 em Nova York voltou a se aproximar de 14 centavos por libra-peso, refletindo pressão de uma oferta global robusta e perspectivas pessimistas para o setor. Outros contratos também registraram queda: maio/26 a 14,50 centavos (-1,89%) e julho/26 a 14,37 centavos (-1,78%). Em Londres, o contrato de dezembro/25 recuou para US$ 430,90 por tonelada (-1,58%).
O recuo se explica pelo aumento da produção, especialmente no Brasil. A Unica informou que a produção de açúcar do Centro-Sul do Brasil na segunda quinzena de setembro cresceu 10,8% em relação ao mesmo período do ano passado, com o mix de cana destinado ao açúcar subindo para 51,17%. A Datagro projeta que a produção da região em 2026/27 poderá alcançar 44 milhões de toneladas, um aumento de 3,9% sobre a safra anterior.
Além do aumento da produção, a perspectiva de excedentes globais mantém os preços pressionados. A Covrig Analytics estima um excedente de 4,1 milhões de toneladas em 2025/26, enquanto o BMI Group projeta até 10,5 milhões de toneladas. Com isso, o mercado se mostra bem abastecido, limitando movimentos altistas.
Com preços internacionais pressionados e custos de produção elevados, muitas usinas estão adiando a fixação de preços para exportação, aguardando condições de mercado mais favoráveis. Especialistas alertam, porém, que vender açúcar ou etanol a preços ainda mais baixos no próximo ano é um risco real caso o cenário atual se mantenha.
O mercado também acompanha atentamente as condições climáticas no Brasil, que podem impactar o desenvolvimento dos canaviais. Embora as chuvas de outubro tenham retornado de forma tímida, o clima nos próximos meses será determinante para a produtividade da safra 2026/27.
Enquanto isso, o setor enfrenta um momento crítico de tomada de decisões estratégicas para lidar com a oferta abundante e os preços pressionados, equilibrando a produção de açúcar e etanol diante de um cenário global incerto.
Fonte: Portal do Agronegócio
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