Publicado em: 07/11/2024 às 11:50hs
Os usineiros brasileiros afirmam que os preços atuais do açúcar bruto não são altos o suficiente para justificar investimentos em novas usinas, e que os ganhos marginais decorrentes de ajustes nas unidades existentes estão se aproximando do limite. A demanda por açúcar cresce cerca de 2% ao ano, mas a produção tem sido prejudicada por fatores como mudanças climáticas e políticas de mistura de biocombustíveis, especialmente na Índia, mantendo o mercado em um equilíbrio apertado entre oferta e demanda.
Rodrigo Penna de Siqueira, diretor financeiro da Jalles Machado, um dos maiores grupos de açúcar do Brasil, comentou que, ao analisar o investimento em uma nova usina de açúcar com uma mistura de 50% de açúcar, a taxa interna de retorno é de apenas 9%, o que não oferece incentivo suficiente. Ele destacou que os preços precisam subir e se manter elevados por um período mais longo para permitir novos investimentos. Siqueira fez esses comentários durante uma conferência organizada pelo banco BTG Pactual, em São Paulo, e outros executivos compartilhavam a mesma opinião.
Renato Junqueira, vice-presidente da Adecoagro, que opera três usinas no Brasil, afirmou que a capacidade do Brasil de produzir mais açúcar está chegando ao seu limite. Nos últimos dois anos, as usinas brasileiras investiram para ajustar seu mix de produção, ou seja, direcionar mais cana-de-açúcar para a produção de açúcar e reduzir a produção de etanol. A consultoria FG/A estima que essas mudanças resultaram em uma capacidade adicional de 2,6 milhões de toneladas de açúcar.
No entanto, os executivos alertam que existe um limite para o que pode ser feito nas usinas existentes. Pierre Santoul, diretor da Tereos Brasil, afirmou que qualquer aumento adicional na produção de açúcar provavelmente virá da cana-de-açúcar, e não da beterraba. Ele acredita que a Índia, o segundo maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, não aumentará sua produção de açúcar devido ao desvio do caldo de cana para o etanol, a fim de atender à sua política de mistura, o que ajudará a manter o mercado global de açúcar restrito.
Santoul também se mostrou otimista quanto ao futuro dos preços, destacando uma "visão construtiva" para os preços do açúcar nos próximos meses.
Fonte: Portal do Agronegócio
◄ Leia outras notícias