Publicado em: 05/11/2025 às 20:00hs
Mesmo com os desafios previstos para as safras 2025/26 e 2026/27, o Itaú BBA conclui que o setor sucroenergético brasileiro está em uma situação financeira mais sólida do que há uma década. O novo estudo do banco destaca avanços em liquidez, governança e acesso a crédito, o que evidencia um amadurecimento estrutural do setor, ainda que o mercado enfrente uma fase de virada com pressão sobre as margens.
O levantamento analisou 48 grupos empresariais, responsáveis por cerca de 53% da moagem do Centro-Sul, principal região produtora do país.
De acordo com o Itaú BBA, a liquidez média das usinas deve atingir 2,7x na safra 2026/27, o dobro do observado em 2015/16 (1,3x).
Já a alavancagem média — medida pela relação Dívida Líquida/EBITDA — caiu 51% em dez anos, alcançando 1,8x.
O relatório aponta que a melhoria na governança e na gestão de riscos, aliada ao maior acesso a crédito de longo prazo com custos competitivos, tem fortalecido a saúde financeira das empresas.
Cerca de 54% dos grupos analisados mantêm caixa superior a 1,5 vez a dívida de curto prazo, um nível considerado confortável e associado a menores custos financeiros e maior geração de caixa.
“O setor compreendeu a importância de manter liquidez adequada e dívida controlada em um mercado volátil. A governança tem sido um diferencial importante para reduzir custos financeiros, mesmo em um cenário macroeconômico desafiador”, afirma Pedro Fernandes, diretor de Agronegócio do Itaú BBA.
O estudo mostra que as empresas têm buscado linhas de crédito estruturadas para financiar investimentos em canaviais, ativos imobilizados e novas aquisições.
A participação do mercado de capitais na dívida total do setor mais que dobrou, passando de 13% em 2019 para 27% em 2025.
No mesmo período, a participação do Itaú BBA na dívida total das companhias cresceu de 14% para 20%, refletindo a melhora da qualidade da carteira de crédito e a maior confiança dos investidores.
O banco classificou as usinas em quatro categorias — A, B, C e D — com base em indicadores financeiros e de governança.
As empresas dos Grupos A e B apresentam maior estabilidade e gestão eficiente, enquanto as do Grupo D ainda enfrentam desafios estruturais.
Nos últimos seis ciclos de safra, houve migração gradual de usinas para os grupos de melhor desempenho, impulsionada por melhorias em gestão, controle de riscos e preços favoráveis de açúcar e etanol.
Entre as 12 usinas classificadas no Grupo D anteriormente, apenas uma permanece nessa categoria, enquanto três saíram do portfólio do banco.
O relatório mais recente mostra uma elevação no endividamento bancário, que chegou a R$ 161 por tonelada na safra 2025/26 (encerrada em 31 de março de 2026).
O aumento é resultado de quatro fatores principais:
Os investimentos superaram as projeções iniciais, elevando temporariamente a alavancagem. No entanto, o Itaú BBA destaca que os aportes foram realizados com linhas de longo prazo, o que garante maior previsibilidade financeira.
Além disso, aquisições de canaviais próximos às usinas devem gerar ganhos de escala e redução de custos logísticos, reforçando a competitividade.
Diferentemente do cenário anterior, em que preços elevados permitiram desalavancagem, o banco avalia que o novo ciclo requer prudência nos investimentos de expansão.
Com pressão sobre preços e custos financeiros, o setor deve priorizar gestão de risco e eficiência operacional.
O Itaú BBA observa, porém, maior uso de instrumentos de hedge, o que pode proteger margens e reduzir a alavancagem na safra 2026/27, caso o preço do açúcar se recupere.
Fonte: Portal do Agronegócio
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