Publicado em: 21/07/2014 às 07:30hs
Essa tecnologia permite que uma plantação receba a fertilização adequada nas doses corretas, sem aplicações excessivas – que podem causar perda de rentabilidade e qualidade da cana.
No Brasil, hoje, a agriculta de precisão está presente em apenas 10% a 15% da área plantada, enquanto nos EUA ela atinge 40%. Segundo o Diretor de Pós-vendas da Carpal Tratores Ltda, Milton Ferreira Nunes, aproximadamente 10% das máquinas agrícolas saem das fábricas brasileiras com essa tecnologia. “Ainda há um caminho longo a ser percorrido para garantir que todos que utilizam agricultura de precisão consigam ter o máximo de aproveitamento dos equipamentos”, explica.
Definições
Para o Coordenador de Marketing de Produto ATS da Valtra, Gerson Filho, a agricultura de precisão consiste, basicamente, em aplicar a quantidade de insumos necessários à produção agrícola, no local correto e no momento adequado, para áreas cada vez menores e mais homogêneas, tanto quanto a tecnologia e os custos envolvidos o permitam. O trabalho é desenvolvido em três fases (veja o box).
De acordo com a revendedora de máquinas agrícolas Casa do Pica-Pau, a procura por equipamentos tecnológicos vem crescendo exponencialmente. Entre as vantagens destacam-se a economia de insumos agrícolas, tais como agrotóxicos, fertilizantes, corretivos agrícolas; aumento da produtividade devido ao melhor aproveitamento do uso dos recursos do solo e sustentabilidade da terra em longo prazo, explorando-a de forma otimizada e não depredadora.
Tais benefícios são comprovados no campo científico e prático. Experimentos comprovaram aumento de produtividade de 20% a 29%, e economia de 13% a 23% de insumos agrícolas, em relação a médias nacionais.
Milton Ferreira Nunes complementa que o mercado da agricultura de precisão cresceu e se tornou promissor, em especial para as lavouras de cana. O diretor da Carpal é otimista e afirma que daqui a cinco anos esse tipo de tecnologia será como telefone celular, todo agricultor terá que ter. “Apenas em dezembro do ano passado vendemos, em parceria com outra empresa, R$ 4 milhões em um pacote de pilotos automáticos”, exemplifica.
No canavial
Existem alguns equipamentos que precisam ser adquiridos para trabalhar com a agricultura de precisão, como o kit piloto automático – composto por um receptor GPS, um monitor de interface e um sistema de direção automático –, que devem ser adaptados ao trator e à colheitadeira. Também o controle de corte de seções e taxa variável para o uso durante as operações de aplicação de fertilizantes em pulverizadores. Outro exemplo é o sistema de telemetria, que realiza intervenções em tempo real no operacional das máquinas. “Ele permite ter um histórico de dados e gerar relatórios de eficiência operacional, possibilitando a correção de gargalos dos operadores das máquinas e até mesmo identificar necessidade de treinamentos para esses profissionais”, explica o Coordenador de Marketing de Produto ATS da Valtra.
Especificamente para a cana, a novidade é o conceito de Tráfego Controlado, que consiste em mapear as áreas de plantio e sulcação. Segundo Filho, com estas informações é possível criar projetos das áreas no computador e, por meio do uso dos sistemas de piloto automático com precisão centimétrica (RTK), limitar a área de atuação dos equipamentos autopropelidos. “Para isso também é necessário fazer a uniformização das bitolas de acordo com o espaçamento adotado para o plantio de cana”, explica.
Ele garante que esse procedimento permite a redução da compactação do solo em até 42%, evita o pisoteio da cana-de-açúcar, além de propiciar maior infiltração de água e um menor consumo de combustível por trafegar em rastros pré-estabelecidos.
Os especialistas não negam que o investimento é alto. Para uma área de plantio de aproximadamente 60 mil hectares apenas em equipamentos de piloto automático o custo é de aproximadamente R$ 2 milhões. “O importante é destacar que, fazendo uma análise econômica, é possível afirmar que o retorno do investimento é, em média, de três anos, ou seja, metade do ciclo produtivo da cultura de cana”, explica o Coordenador de Marketing de Produto ATS da Valtra.
Outras visões
Para a pesquisadora da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Walane Maria Pereira de Mello Ivo, também pode-se ter plantações bem adubadas sem o uso da agricultura de precisão. “A agricultura de precisão é apenas uma técnica que nos permite trabalhar em grandes áreas com um refinamento maior, o que permite maior eficiência na aplicação dos nutrientes para a cana e, assim, maior retorno econômico para o produtor”, afirma.
Ela complementa que, no caso de unidades de produção que não utilizam agricultura de precisão, mas possuem um bom planejamento para o manejo da cana, uma alta eficiência na aplicação dos nutrientes também pode ser alcançada. “E isso acontece na prática, em algumas usinas, como aquelas que delimitam ambientes de produção para as variedades mais plantadas e sempre fazem o acompanhamento dos níveis de fertilidade do solo e da planta”, finaliza.
1ª Etapa:
Coleta de dados: Análise química do solo, medição da compactação e mapeamento de produtividade.
2ª Etapa:
Planejamento: Junção dos mapas de fertilidade, compactação e produtividade para obter mapa de aplicação.
3ª Etapa:
Intervenção: aplicação de insumos na medida necessária utilizando ferramentas como piloto automático, aplicadores a taxa variável e controlador de seções e vazão.
Fonte: Canal-Jornal da Bioenergia
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