Publicado em: 08/10/2025 às 11:20hs
Os preços do açúcar voltaram a cair nos mercados internacionais, influenciados por novas projeções de superávit global para a safra 2025/26. Segundo estimativa da Covrig Analytics, o excedente mundial deve atingir 4,1 milhões de toneladas, número superior aos 2,8 milhões de toneladas previstos pela Stonex em setembro.
Esse cenário de maior oferta contribuiu para o recuo das cotações nas bolsas de Nova York e Londres. De acordo com a ADM Investor Services, o mercado deve se estabilizar próximo a 16,69 centavos de dólar por libra-peso, refletindo sinais técnicos negativos e ampla disponibilidade do produto no Brasil. Além disso, há expectativa de que a Índia amplie o uso do milho na produção de etanol, o que tende a reduzir a demanda por cana-de-açúcar no país asiático.
Na ICE Futures, em Nova York, o contrato de março/26 encerrou a terça-feira (7) cotado a 16,63 centavos de dólar por libra-peso, queda de 18 pontos. Já o contrato de maio/26 recuou 17 pontos, para 16,14 centavos.
Em Londres, o açúcar branco também registrou retração. O contrato de dezembro/25 caiu US$ 6,40, negociado a US$ 458,00 por tonelada, enquanto o de março/26 recuou US$ 5,40, cotado a US$ 458,60 por tonelada.
No mercado físico brasileiro, o açúcar cristal apresentou leve alta de 0,37%, com a saca de 50 quilos negociada a R$ 117,99, segundo o Indicador Cepea/Esalq (USP). Já o etanol hidratado registrou baixa de 0,41%, sendo cotado a R$ 2.806,50 por metro cúbico nas usinas, conforme o Indicador Diário Paulínia.
Nesta quarta-feira (8), as cotações do açúcar mantiveram trajetória de baixa. Em Nova York, o contrato de março/26 caiu 1,56%, sendo negociado a 16,37 centavos de dólar por libra-peso. O contrato de maio/26 recuou 1,36%, a 15,92 centavos, enquanto o de julho/26 caiu 1,38%, para 15,77 centavos. Em Londres, a tonelada do contrato dezembro/25 foi negociada a US$ 453,20, baixa de 1,05%.
Segundo análise da Barchart, os contratos futuros globais de açúcar na Intercontinental Exchange (ICE) tiveram comportamento misto no terceiro trimestre de 2025 — alta de 4% no período, mas queda acumulada de 16,4% nos nove primeiros meses do ano. O preço médio no fim de setembro ficou em 16,10 centavos por libra-peso, mantendo-se estável desde agosto.
Historicamente, os preços do açúcar vêm sofrendo forte correção desde o pico registrado em novembro de 2023, quando atingiram 28,14 centavos por libra-peso. Desde então, houve queda de mais de 45%, atingindo mínima de 15,44 centavos em julho de 2025.
Esse movimento contrasta com o desempenho de outras commodities agrícolas brasileiras — como o café arábica, o cacau e o suco de laranja concentrado congelado — que registraram máximas históricas no mesmo período. O Brasil, principal produtor mundial dessas culturas, enfrenta desafios como condições climáticas adversas, doenças nas lavouras, aumento de custos de produção e barreiras comerciais impostas pelos Estados Unidos.
Apesar da pressão causada pelo aumento da oferta global, analistas destacam que o avanço dos custos de produção tende a limitar quedas mais acentuadas. Essa alta nos custos exerce uma pressão ascendente sobre as cotações e pode sustentar o mercado na faixa entre 16 e 17 centavos por libra-peso.
Além disso, uma eventual ruptura técnica em alta não está descartada, especialmente se houver mudanças nas políticas comerciais e regulatórias nos Estados Unidos — como ajustes nas regras sobre substitutos do açúcar, que podem impulsionar a demanda. Nesse cenário, o contrato de março/26 poderia atingir um preço próximo a 16,50 centavos ainda em outubro de 2025.
Fonte: Portal do Agronegócio
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