Publicado em: 30/07/2025 às 19:20hs
O mercado internacional do açúcar tem sentido os efeitos da expectativa de uma safra mais robusta no Hemisfério Norte. Após um breve movimento de valorização entre os dias 14 e 18 de julho, os preços do açúcar voltaram a recuar, refletindo uma combinação de fatores como o aumento da área plantada em países-chave e a ausência de uma demanda expressiva no curto prazo. A análise é da Hedgepoint Global Markets.
Na segunda-feira (21), os preços do açúcar bruto iniciaram uma tendência de baixa e fecharam a quarta-feira (23) a 16,24 centavos de dólar por libra-peso (c/lb). A queda refletiu as previsões de aumento na produção da Índia e a falta de movimentações relevantes na demanda.
Porém, parte das perdas foi revertida na quinta-feira (24), quando rumores sobre maior demanda no mercado físico impulsionaram os contratos. O açúcar registrou alta de 2%, encerrando o dia a 16,57 c/lb.
Segundo Lívea Coda, coordenadora de Inteligência de Mercado da Hedgepoint, os olhos do mercado estão voltados para as mudanças nas expectativas de produção no Hemisfério Norte, principalmente para o quarto trimestre de 2025 e o início de 2026.
Na Europa, a temporada 2024/25 começa com desafios. A forte entrada de açúcar ucraniano nos anos anteriores pressionou os preços internos, levando à redução nas importações para a nova temporada. Mesmo assim, a área de cultivo de beterraba deve cair 10,5%, segundo a Comissão Europeia.
Incluindo o Reino Unido, a projeção da Hedgepoint indica um declínio total de 10% na área plantada. Apesar do bom desenvolvimento das lavouras na primavera, a produção total deve ser menor que a do ciclo anterior, com previsão de queda de 1,4 milhão de toneladas até 2025/26, o que pode aumentar a necessidade de importações na região.
Nos Estados Unidos, a produção também deve recuar levemente, passando de 8,43 para 8,39 milhões de toneladas em 2025/26. O resultado é atribuído à redução na produtividade das lavouras de beterraba, que compensa os ganhos obtidos nas áreas de cana.
A produção de cana na Louisiana segue em expansão e deve superar a da Flórida pelo quarto ano consecutivo, consolidando a liderança do estado no setor.
A Índia também influencia o cenário global. O país tem apresentado bom desempenho das monções, níveis adequados de reservatórios e aumento da área cultivada, fatores que favorecem a recuperação da produção.
A Hedgepoint projeta uma safra próxima de 32 milhões de toneladas, embora o volume exportado continue dependendo de decisões do governo indiano, que só devem ser definidas no fim da temporada.
Na Tailândia, o clima favorável nas regiões norte e leste contribui para a recuperação da produção. A colheita atual já soma 10,1 milhões de toneladas, superando os 8,8 milhões de 2023/24.
Para 2025/26, a projeção da Hedgepoint é de que o país alcance 11,5 milhões de toneladas, com exportações ultrapassando 8 milhões de toneladas.
A China vem influenciando o mercado de forma mais cautelosa. A produção local superou 11 milhões de toneladas em 2024/25 — nível não visto desde 2013/14 — e deve continuar forte, com expectativa de atingir 11,2 milhões de toneladas em 2025/26.
Com estoques robustos, o país pode adotar uma postura mais estratégica nas importações, aguardando momentos mais favoráveis de mercado. Mesmo assim, novas compras chinesas podem trazer algum suporte pontual aos preços.
A combinação de uma possível recuperação da produção no Hemisfério Norte com o desempenho consistente do Brasil, maior produtor mundial, aponta para um cenário de excedente global de açúcar em 2025/26.
“O cenário indica que os preços devem permanecer sob pressão e provavelmente abaixo dos níveis registrados no ano passado”, conclui Lívea Coda.s
Fonte: Portal do Agronegócio
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