Publicado em: 05/08/2025 às 19:20hs
Os preços do açúcar não conseguiram sustentar os ganhos observados na semana de 14 a 18 de julho e iniciaram uma trajetória de queda na segunda-feira (21). A ausência de movimentações expressivas na demanda, somada à expectativa de uma safra forte na Índia para a próxima temporada, pressionou os valores do açúcar bruto, que fecharam a quarta-feira (23) em 16,24 centavos de libra-peso (c/lb). Na quinta-feira (24), parte das perdas foi recuperada, com alta de 2%, fechando a 16,57 c/lb, impulsionada por rumores de aumento da demanda no mercado físico.
Lívea Coda, coordenadora de Inteligência de Mercado da Hedgepoint Global Markets, destaca a importância de acompanhar a evolução das expectativas para o Hemisfério Norte, especialmente para o quarto trimestre de 2025 e o primeiro trimestre de 2026.
Entre 2022 e 2023, o aumento das importações ucranianas pressionou os preços domésticos de açúcar na Europa, mesmo com o crescimento das exportações regionais. Essa dinâmica levou a uma queda nas importações previstas para a safra 2024/25, insuficiente para garantir a área plantada de beterraba. A Comissão Europeia projeta uma redução de 10,5% na área de beterraba, e incluindo o Reino Unido — que permanece estável — a queda estimada é de 10% para a região.
Apesar de alguns alertas climáticos na primavera, o desenvolvimento da beterraba tem sido positivo, com previsão de melhora na produtividade. No entanto, a produção total deve cair em relação ao ano anterior, com uma estimativa de redução inicial de 1,4 milhão de toneladas até 2025/26, o que deve aumentar a necessidade de importações.
Nos Estados Unidos, as projeções apontam para uma pequena redução na produção, de 8,43 milhões para 8,39 milhões de toneladas em 2025/26. A diminuição se deve a um recuo na produção de beterraba, compensado parcialmente por ganhos nas regiões produtoras de cana, especialmente na Louisiana, onde a área cultivada continua em expansão pelo sexto ano consecutivo, superando a Flórida pelo quarto ano.
A Índia se destaca com aumento na área plantada de cana e bom desenvolvimento da safra, beneficiada pela monção favorável e níveis saudáveis nos reservatórios. As projeções indicam recuperação da produção para cerca de 32 milhões de toneladas. Contudo, os volumes de exportação permanecem condicionados a decisões governamentais e só devem ser autorizados no fim da temporada.
Apesar de preocupações climáticas na região central, a produção da Tailândia segue crescendo, tendo passado de 8,8 milhões de toneladas em 2023/24 para 10,1 milhões na temporada atual. Para 2025/26, a expectativa é de continuidade dessa recuperação, com produção estimada em 11,5 milhões de toneladas e exportações superiores a 8 milhões de toneladas.
A China apresenta influência pessimista no mercado apesar de manter importações ativas. A produção estimada para 2024/25 superou 11 milhões de toneladas — maior nível desde 2013/14 — com previsão de 11,2 milhões para 2025/26. Isso confere ao país maior flexibilidade em suas compras externas, possibilitando aguardar condições mais favoráveis. Recentemente, a China aproveitou a queda dos preços para ajustar contratos, podendo ainda assim impulsionar os preços no curto prazo.
A combinação de uma possível recuperação da safra no Hemisfério Norte, junto às expectativas para o Brasil, sinaliza um cenário de excedente global de açúcar. Como consequência, os preços devem continuar pressionados e provavelmente se manter abaixo dos níveis registrados no ano passado, conclui a analista da Hedgepoint.
Fonte: Portal do Agronegócio
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