Publicado em: 21/07/2025 às 11:25hs
Uma análise realizada pela empresa de inteligência artificial Reflexity indicou que a possível troca do xarope de milho pelo açúcar na fórmula da Coca-Cola nos Estados Unidos pode aumentar a demanda anual por açúcar em 1,4 milhão de toneladas. O dado foi destacado em reportagem da agência Dow Jones Newswires.
Segundo o estudo, cada lata de 355 ml da bebida conteria cerca de 39 gramas de açúcar, o que impulsionaria significativamente o consumo do produto no país.
Essa demanda adicional praticamente eliminaria o superávit mundial de açúcar projetado para a safra internacional 2025/26, que inicia em outubro. Em maio, a consultoria Datagro estimou que o excedente global seria de 1,53 milhão de toneladas.
Nos Estados Unidos, o aumento representaria cerca de 20% da demanda total pela commodity no mercado interno.
Em publicação na rede social Truth Social, o ex-presidente Donald Trump afirmou que o açúcar que substituiria o xarope de milho seria originado da cana-de-açúcar. Porém, nos EUA, a maior parte do açúcar produzido vem da beterraba — entre 55% e 60% da produção doméstica desde os anos 2000, conforme dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
Caso seja mantida a orientação para que todo o açúcar venha da cana, a produção dessa cultura precisaria crescer cerca de 36%, segundo cálculos da Reflexity. Isso exigiria expansão das áreas cultivadas e maior capacidade industrial para moagem e processamento da cana, processo estimado para levar de dois a três anos.
Atualmente, a produção de cana-de-açúcar no país está concentrada na Flórida. Mesmo somando a produção de beterraba, os EUA não conseguem suprir toda a demanda interna, precisando importar cerca de 3 milhões de toneladas de açúcar anualmente.
Diante do desafio de suprir rapidamente a nova demanda, o caminho mais viável seria o aumento das importações, estimado em cerca de 50%. Contudo, isso pode pressionar a inflação no curto prazo, pois as importações de açúcar enfrentam tarifas elevadas impostas pelo governo Trump.
O Brasil, um dos principais fornecedores do açúcar importado pelos EUA, atualmente participa da cota de importação isenta de tarifas, mas pode ter suas exportações taxadas em até 50%, o que elevaria ainda mais os custos para o mercado americano.
Fonte: Portal do Agronegócio
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