Publicado em: 29/08/2013 às 12:50hs
Trabalhar com cana-de-açúcar envolve uma série de peculiaridades como pericibilidade, sazonalidade da produção e baixo valor agregado. São características que devem ser percebidas como de alta relevância em qualquer planejamento para que toda a produção não seja prejudicada por processos que envolvam transporte, estocagem, armazenamento, entre outros, e a logística é responsável por amenizar, quando não liquidar, prejuízos eminentes. Ciente da importância deste tema, a FENASUCRO 2013 não só inaugurou uma área específica do evento para tratar de logística, como também promoveu no auditório do Centro Empresarial Zanini, em Sertãozinho (SP), o Primeiro Seminário de Logística do Setor Sucroenergético, que termina amanhã, 29.
O primeiro dia do seminário teve a presença de José Vicente Caixeta Filo, diretor da ESALQ - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, André Luis Martins, gerente de inteligência comercial da Logum Logística, e do diretor executivo da ANTF - Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários, Rodrigo Vilaça. Mesmo em áreas de atuação diferentes, ficou fácil perceber um ponto comum entre os seus discurso: a necessidade de investimento em novos modais de transporte para desafogar as rodovias brasileiras. Além das péssimas condições de pavimentação e as longas distâncias às quais as cargas são expostas, de acordo com Luis Martins, “o modal rodoviário é mais adequado para o transporte de pouca carga em curtas distâncias. Submeter um produto perecível é um extremo risco para o produtor, pois além de carecermos de frota adequada, as rodovias apresentam problemas como as filas para caminhões, o que pode comprometer toda uma produção”.
Ferrovias
Rodrigo Vilaça, da ANTF, acredita que o investimento no modal ferroviário é uma das soluções que pode auxiliar nesse desafio. Hoje são apenas 22.822 km em operação, que em 2012 escoaram 25% das riquezas que circulam pelo país. Segundo ele, 481 milhões de toneladas foram movimentadas pelos trilhos ano passado, sendo que deste total, aproximadamente 8,5 milhões de toneladas são referentes ao transporte de açúcar e etanol. A expectativa total de ampliação da malha ferroviária até 2015 é de 21,9%. “O principal problema para o aumento da malha ferroviária é a ausência de um marco regulatório para a expansão. Os projetos são ambiciosos, mas sempre esbarram em alguma questão burocrática”, afirma. Os investimentos em tecnologia também já contribuíram para otimizar esse modelo de fluxo de carga. No caso do açúcar, por exemplo, até recentemente o descarregamento era feito de forma manual, o que aumentava o desperdício e levava em média 46 minutos. Hoje já existem trens nos quais esse processo é automatizado, leva pouco mais de 1 minuto e pode ser feito inclusive em movimento.
Transporte Colaborativo
De modo geral, as empresas também têm certa responsabilidade nos altos custos de transporte pelo modal rodoviário. De acordo com o Professor Caixeta, a indústria sucroenergética é uma das que mais investiu no transporte ferroviário e já sente os benefícios da escolha, mas existem ações simples que podem resultar em grandes benefícios para as empresas. Uma tendência muito forte na economia de larga escala são práticas de natureza colaborativa. Observar a possibilidade de transportar cargas de mesma natureza, mesmo que de outras empresas, diminui consideravelmente os custos. Outra prática é verificar oportunidades para que o veículo consiga transportar algum tipo de carga em seu caminho de volta, “dessa forma o empresário consegue lucrar com um trecho da viagem que já está nos custos iniciais”, finaliza Caixote.
O segundo dia do seminário de Logística trará os seguintes temas: Planejamento de talhões para otimização de uso de máquinas agrícolas; Logística de cana além do CCT; e Oportunidades e desafios nos serviços para a logística de produção de cana.
Fonte: 2PRÓ Comunicação
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