Publicado em: 14/05/2025 às 11:30hs
A seguir, destacamos os principais dados e tendências do setor.
Na segunda quinzena de abril, a moagem de cana foi significativamente mais lenta do que no ano anterior. O processamento atingiu 17,73 milhões de toneladas, uma queda de 49,35% em comparação com os 35 milhões de toneladas do ciclo 2024/2025. No total acumulado até o fim de abril, a moagem somou 34,26 milhões de toneladas, representando uma retração de 32,98% quando comparado com os 51,11 milhões de toneladas do ciclo passado.
Luciano Rodrigues, diretor de Inteligência Setorial da UNICA, explica que a diminuição no ritmo de moagem é atribuída a condições climáticas desfavoráveis, como as chuvas nos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná. Esses fatores impactaram negativamente a colheita e o processamento da cana.
Durante a segunda metade de abril, 44 novas unidades produtoras de cana reiniciaram suas atividades, somando 222 usinas operando no Centro-Sul. Destes, 205 unidades estavam processando exclusivamente cana-de-açúcar, 7 eram usinas flex (que produzem tanto açúcar quanto etanol a partir de milho) e 10 unidades focavam na produção de etanol a partir do milho.
Esse número de unidades operando se manteve praticamente estável em relação ao ciclo 2024/2025, quando 221 unidades estavam em atividade. No entanto, a distribuição de usinas variou, com uma leve queda no número de unidades que produziam etanol a partir do milho.
A qualidade da cana também foi afetada, com o indicador de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) na segunda quinzena de abril registrando 110,64 kg de ATR por tonelada de cana. Esse valor representa uma redução de 3,97% em relação aos 115,22 kg de ATR do ciclo anterior. No acumulado da safra, o ATR ficou em 106,94 kg por tonelada, marcando uma queda de 4,95% quando comparado ao mesmo período da safra anterior.
A produção de açúcar na segunda quinzena de abril foi de 856,16 mil toneladas, uma queda de 53,79% em relação ao volume do mesmo período no ciclo 2024/2025, que foi de 1,85 milhão de toneladas. No acumulado até 1º de maio, a produção total de açúcar somou 1,58 milhão de toneladas, uma queda de 38,62% em relação ao ciclo anterior.
Em termos de etanol, a produção alcançou 985,12 milhões de litros na segunda quinzena de abril, com uma queda de 36,82% na produção de etanol hidratado e de 31,53% no etanol anidro. No total, a produção de etanol do ciclo 2025/2026 já soma 1,90 bilhão de litros, o que representa uma redução de 19,03% em relação ao ciclo passado.
O etanol produzido a partir do milho apresentou um aumento significativo. Na segunda quinzena de abril, foram produzidos 358,87 milhões de litros, um crescimento de 22,58% em relação ao volume de 292,77 milhões de litros do mesmo período do ciclo 2024/2025. No acumulado do ano, a produção de etanol de milho atingiu 716,90 milhões de litros, marcando um avanço de 31,26%.
Em abril, as vendas de etanol totalizaram 2,77 bilhões de litros, representando uma queda de 3,46% em relação ao mesmo período do ciclo anterior. Enquanto as vendas de etanol anidro aumentaram 2,83%, as vendas de etanol hidratado sofreram uma queda de 6,43%. No mercado doméstico, as vendas de etanol hidratado foram de 1,81 bilhão de litros, uma redução de 4,09%, enquanto o etanol anidro registrou um aumento de 1,04%.
Rodrigues destaca que o etanol hidratado se manteve competitivo no mercado interno, com um preço médio 68,3% mais baixo do que o da gasolina, o que representa uma alternativa viável para os consumidores brasileiros, especialmente nas regiões onde o preço do etanol é mais vantajoso.
As exportações de etanol no mês de abril totalizaram 59,05 milhões de litros, uma queda de 34,83% em relação ao mesmo período do ciclo anterior. A maior parte da redução ocorreu nas exportações de etanol hidratado, com uma queda de 73,75%, enquanto as exportações de etanol anidro aumentaram 66,70%.
Em 2025, os produtores de biocombustíveis emitiram até 12 de maio 15,55 milhões de créditos de descarbonização (CBios), um aumento significativo no cumprimento das metas do Programa de Biocombustíveis. No total, 25,82 milhões de créditos estão disponíveis para negociação, e quase 65% dos créditos necessários para o atendimento integral da meta de 2025 já foram gerados, conforme dados da B3.
Com a análise detalhada da moagem, produção e comercialização de cana-de-açúcar e seus subprodutos, a safra 2025/2026 revela desafios importantes, especialmente devido às condições climáticas e à queda nas produtividades. Contudo, a diversificação da produção, como o aumento da produção de etanol a partir do milho, mostra resiliência no setor, especialmente no cenário de um mercado de biocombustíveis em evolução.
Fonte: Portal do Agronegócio
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