Minas Gerais caminha para registrar um novo recorde na safra de cana-de-açúcar 2024/25, apesar dos desafios impostos pelas condições climáticas. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a previsão é de que o estado colha 81,8 milhões de toneladas, um aumento de 0,6% em relação à safra passada, consolidando mais um marco histórico para a produção local.

Embora fatores climáticos adversos tenham afetado as lavouras, o impacto na produtividade ainda é considerado pequeno. A Conab aponta uma queda de 1,7% no rendimento médio por hectare, com uma expectativa de 86,1 toneladas de cana por hectare. Em contrapartida, a área destinada ao cultivo expandiu-se em 2,3%, totalizando 950 mil hectares, o que compensou parcialmente a redução na produtividade.

Mário Campos, presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig Bioenergia), afirmou que as estimativas da Conab estão alinhadas com as expectativas do setor. No entanto, ele destacou que a prolongada estiagem pode impactar a produtividade. "A cana-de-açúcar é uma cultura resiliente, mas a severa seca que estamos enfrentando pode resultar em canaviais com menor produtividade. Caso isso aconteça, podemos ter alterações na projeção de produção", afirmou Campos.

Preocupações com a estiagem e impactos na safra

A estiagem prolongada também traz incertezas sobre a produção de outros produtos derivados da cana. A Conab prevê que a produção de açúcar em Minas Gerais aumente 10,3% na safra 2024/25, atingindo 6 milhões de toneladas. Contudo, Campos alerta que a condição da cana destinada à moagem e desafios nas usinas podem impedir que esse volume seja alcançado.

"Houve investimentos significativos em novas fábricas de açúcar e aumento da capacidade de produção no estado. Três novas unidades entraram em operação, mas, com cerca de 55% da safra já colhida, nosso mix de produção está apenas 1 ponto percentual acima da safra passada", observou Campos. Ele também ressaltou as dificuldades enfrentadas pelas usinas devido às características da cana e às grandes modificações nas fábricas, o que pode resultar em uma produção ligeiramente abaixo das 6 milhões de toneladas de açúcar e um aumento na produção de etanol, estimada em pouco mais de 3 bilhões de litros.

Segundo a Conab, a produção total de etanol deve atingir 3 bilhões de litros, uma queda de 8,3% em relação à safra anterior. Especificamente, a produção de etanol anidro deve crescer 1,3%, chegando a 1,3 bilhão de litros, enquanto o etanol hidratado deve recuar 15%, com uma produção prevista de 1,6 bilhão de litros.