Setor Sucroalcooleiro

Mesmo com grande produção setor sucroenergético apresenta retração no Brasil

Maior produtor e exportador de açúcar e álcool do mundo e segundo maior produtor de etanol, o Brasil dedica apenas 36% de seu cultivo de cana-de-açúcar à exportação e 64% do que é produzido são dedicados ao consumo interno


Publicado em: 21/03/2014 às 15:00hs

Mesmo com grande produção setor sucroenergético apresenta retração no Brasil

Mesmo diante dessa potência produtiva, o setor atravessa sérias dificuldades e o País perde muitas oportunidades.

Estas foram as palavras de abertura da palestra do doutor em Economia agrícola e presidente da Datagro, Plínio Nastari, durante o II Canacentro, na manhã desta quinta-feira (20), em Campo Grande. Nastari traçou um panorama do desenvolvimento sucroenergético no País, a partir de 1975, quando foi criado o Programa Nacional do Álcool (Próalcool), até os dias atuais. “Atualmente o setor enfrenta uma série de adversidades, que vão desde fatores climáticos, até a falta de mão-de-obra qualificada na operação de maquinário para plantio e colheita mecanizada da cana. O Brasil é o motor da expansão da cana, registrando crescimento de 40,5% na produção de açúcar entre 2008 e 2012, quando o resto do mundo cresceu em média 12%. Ainda assim, o setor parou de crescer”, avalia o palestrante.

Segundo Nastari, o ápice sucroenergético ocorreu em 2010, quando o País substituiu 44% de sua frota de veículos movidos à gasolina por aqueles movidos a álcool. Em 2012, este número caiu para 36% e em 2013, houve leve reação, atingindo 37%. “A expansão da frota de veículos flex e a realidade atual do álcool disponibilizado no mercado gerou ligeira reação, mas ainda muito moderada”, avalia Nastari.

Dados da Datagro apresentados pelo palestrante apontam que, 68% da atual frota de veículos leves existentes no País são movidos a gasolina; 18,9% movidos a álcool anidro (misturado a gasolina) e 14,8% a álcool hidratado.

Segundo o palestrante, as oportunidades para a reação do setor podem ser resumidas em dois pontos: o aproveitamento da energia da cana e o reconhecimento do etanol pelo seu preço. Para Nastari, são necessárias políticas públicas que reconheçam os fatores positivos da produção nacional, assim como instrumentos que internalizem vantagens nos preços, como ICMS diferenciado para os produtos. “Atualmente, devido a problemas de logística e demais inviabilidades, se torna muito mais interessante para algumas regiões do País, como Norte e Nordeste, importar etanol dos Estados Unidos, do que comprar de São Paulo ou Mato Grosso do Sul, maiores produtoras dentro do País”, finalizou.

A programação do II Canacentro, que acontece até amanhã (21), no Rubens Gil de Camillo, inclui ainda as palestras “Situação econômico financeira do setor”, com Alexandre Figliolino, as 13h desta quinta-feira, e “Ações para competitividades”, com Marcos Fava Neves”, as 14h20. Nesta sexta-feira, as 9h, será apresentada a carta de demandas do setor, elaborada a partir das discussões do evento. O documento será entregue aos candidatos à presidência da república. A ação será coordenada pelo professor Marcos Fava Neves.

Fonte: FAMASUL

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