Publicado em: 21/11/2025 às 10:10hs
O Agro Mensal, relatório divulgado pela Consultoria Agro do Itaú BBA, traz uma análise detalhada sobre o desempenho do mercado de açúcar. Em outubro, os preços internacionais do adoçante recuaram 10,4%, encerrando o mês a US$ 14,43 centavos por libra-peso (lb).
O pessimismo do mercado, evidenciado durante os eventos da “Sugar Week” em São Paulo — que inclui o tradicional “Sugar Dinner” — foi o principal fator para a quebra do intervalo entre US$ 15 e 17 centavos/lb, mantido nos meses anteriores.
Nos primeiros 14 dias de novembro, no entanto, as cotações reagiram, acumulando uma alta de 3,7%.
Durante a “Sugar Week”, o sentimento predominante entre analistas e tradings foi o de excesso de oferta global e uma safra recorde de cana-de-açúcar no Brasil, tanto na atual quanto na próxima temporada. Essa projeção reforçou o cenário baixista, já que uma produção abundante tende a pressionar os preços internacionais.
Na Índia, o primeiro leilão de compra de etanol para a safra 2025/26 indicou mudanças na composição da oferta. O volume de etanol produzido a partir de grãos subiu de 63% para 72%, enquanto o etanol à base de cana caiu de 37% para 28%.
Essa alteração reduziu a expectativa de açúcar destinado ao etanol de 4,0 milhões para 3,5 milhões de toneladas, elevando a previsão de produção de açúcar do país para 31,5 milhões de toneladas, ante 31 milhões anteriormente.
A migração da cana para grãos frustrou parte do mercado, que esperava uma destinação maior da cana para o biocombustível.
Na Europa, o clima favorável na fase final do desenvolvimento das lavouras e o maior intervalo entre plantio e colheita resultaram em ganhos expressivos de produtividade. A produção estimada para a União Europeia e Reino Unido (UE27 + UK) foi ajustada para 15,9 milhões de toneladas, superando a média histórica.
Mesmo com a elevação da oferta global, o Itaú BBA aponta que o etanol pode atuar como fator altista para o mercado de açúcar. O preço do biocombustível, convertido em equivalência com o açúcar, atingiu US$ 17 centavos/lb em meados de novembro.
Segundo a consultoria, o atual diferencial de preços pode incentivar maior produção de etanol e consequente redução na oferta de açúcar, o que levaria o mercado global a retornar para patamares mais equilibrados.
O governo da Índia liberou uma cota de exportação de 1,5 milhão de toneladas para a safra 2025/26 — abaixo do pedido de 2 milhões de toneladas feito pela associação local (ISMA).
Os preços domésticos indianos também não favorecem as exportações: com base nos valores de varejo atuais, a paridade de exportação do açúcar bruto indiano está próxima de US$ 19 centavos/lb, bem acima da média do mercado global.
Em meio à queda das cotações internacionais, países como China, Indonésia e refinarias indianas aproveitaram o momento para realizar compras oportunistas.
O Brasil, por sua vez, registrou exportação recorde de 3,6 milhões de toneladas de açúcar bruto em outubro de 2025, segundo dados da Secex — o maior volume já embarcado pelo país.
Essa intensificação das vendas externas pode reduzir a demanda global nos próximos meses, especialmente na Ásia, onde se concentram as principais importações do período.
O relatório do Itaú BBA alerta para a importância de acompanhar as primeiras leituras de produtividade na Índia e na Tailândia, que devem ser divulgadas entre novembro e dezembro.
Apesar do otimismo inicial com as boas chuvas durante a monção, problemas fitossanitários, como a “white leaf disease” (doença da folha branca) na Tailândia, podem comprometer parte da produção prevista.
Fonte: Portal do Agronegócio
◄ Leia outras notícias