Publicado em: 23/10/2025 às 10:50hs
Os contratos futuros do açúcar registraram queda nesta quarta-feira (22), influenciados pela expectativa de aumento da oferta global. A consultoria Datagro projeta um recorde histórico de 44 milhões de toneladas de açúcar para o Centro-Sul do Brasil na safra 2026/27, alta de 3,9% em relação ao ciclo atual. A moagem deve atingir 625 milhões de toneladas, mantendo o mix de cana destinado à produção de açúcar em 52%.
Enquanto isso, a produção total de etanol tende a recuar cerca de 5%, chegando a 33,23 bilhões de litros, ao passo que o etanol de milho deve avançar 20%, alcançando 10 bilhões de litros.
Na ICE Futures, em Nova York, o açúcar bruto encerrou o pregão em baixa no dia 22. O contrato para março/26 caiu 14 pontos, cotado a 15,10 centavos de dólar por libra-peso, enquanto o de maio/26 recuou para 14,61 centavos. Em Londres, na ICE Europe, o açúcar branco também registrou retração: apenas o contrato de dezembro/25 subiu levemente para US$ 434,50 por tonelada, enquanto o de março/26 caiu para US$ 429,90 por tonelada.
Já nesta quinta-feira (23), o mercado apresentou leve recuperação. Em Nova York, o contrato março/26 subiu 1,26%, para 15,29 centavos por libra-peso, e o maio/26 avançou 1,10%, a 14,77 centavos. Em Londres, o contrato de dezembro/25 foi negociado a US$ 437,80 por tonelada, alta de 0,76%.
Dados recentes da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) indicam que, na segunda quinzena de setembro, a produção de açúcar do Centro-Sul aumentou 10,8% em relação ao mesmo período do ano passado. O mix de cana destinado à fabricação de açúcar subiu para 51,17%, ante 47,73% em 2024. No acumulado da safra 2025/26, a produção atingiu 33,524 milhões de toneladas, avanço de 0,8%.
Esses números reforçam o cenário de ampla oferta global, que vem limitando o espaço para altas expressivas nos preços internacionais.
No mercado doméstico, o açúcar cristal teve retração de 1,35%, conforme o Indicador Cepea/Esalq (USP). A saca de 50 quilos foi negociada a R$ 112,02. Já o etanol hidratado caiu 0,47%, sendo comercializado a R$ 2.833,00 por metro cúbico nas usinas de Paulínia (SP).
De acordo com Marcelo Di Bonifacio Filho, analista de inteligência de mercado da StoneX, o setor açucareiro enfrenta um período de forte volatilidade e necessidade de cautela na fixação de preços. Ele destaca que o mercado já vinha sinalizando enfraquecimento desde o vencimento do contrato de outubro e que, apesar de possíveis fatores altistas — como redução das exportações brasileiras no fim do ano e incertezas sobre os embarques de Índia e Tailândia —, o cenário é dominado pela expectativa de uma safra global superavitária.
Segundo o especialista, usinas estão segurando as fixações para exportação, esperando melhores condições de mercado. No entanto, ele alerta para o risco de que, caso o excesso de oferta persista, açúcar e etanol possam ser vendidos a preços ainda mais baixos em 2026.
Fonte: Portal do Agronegócio
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