Setor Sucroalcooleiro

Mercado global de açúcar se recupera em novembro, mas depende do etanol e da produção brasileira, aponta Itaú BBA

Recuperação dos preços é sustentada pela redução do pessimismo


Publicado em: 18/12/2025 às 17:20hs

Mercado global de açúcar se recupera em novembro, mas depende do etanol e da produção brasileira, aponta Itaú BBA

O mês de novembro marcou uma recuperação nos preços internacionais do açúcar, segundo o relatório Agro Mensal, divulgado pela Consultoria Agro do Itaú BBA.

Apesar do aumento, o movimento não foi impulsionado por fundamentos de oferta e demanda, mas sim pela diminuição do pessimismo no mercado, que havia se intensificado durante a Sugar Week, evento tradicional do setor realizado no Brasil.

Os preços do açúcar bruto na Bolsa de Nova York subiram 5,4% em novembro, encerrando o mês a US$ 15,21 centavos por libra-peso. Contudo, nos primeiros dias de dezembro, as cotações voltaram a cair abaixo de US$ 15, refletindo as boas perspectivas para a safra indiana. Poucos dias depois, os preços retornaram ao patamar inicial.

Safra do Centro-Sul do Brasil mostra resiliência e revisões positivas

A safra 2025/26 no Centro-Sul do Brasil tem mostrado desempenho mais forte do que o esperado, com 576 milhões de toneladas de cana processadas até 15 de novembro, uma queda leve de 1,3% em relação à temporada anterior.

A produção de açúcar, por sua vez, alcançou 39,2 milhões de toneladas, crescimento de 2,1% no comparativo anual, impulsionada pela melhora nos índices de produtividade agrícola e maior concentração de açúcares (ATR) na segunda metade da colheita.

A nova projeção do Itaú BBA indica 605 milhões de toneladas de cana processadas nesta safra, recuo de 2,7% frente à anterior. Já a produção de açúcar deve atingir 40,4 milhões de toneladas, alta de 0,6%, com mix açucareiro de 50,9%, contra 48,1% em 2024/25. O ATR médio foi ajustado para 137,8 kg por tonelada de cana, queda de 2,4%.

Rússia encerra colheita de beterraba com aumento de 6% na produção

No hemisfério Norte, a Rússia praticamente encerrou a colheita de beterraba, com 95% da área colhida até 25 de novembro e 46,5 milhões de toneladas produzidas — um aumento de quase 6% em relação à safra anterior.

O desempenho está alinhado à expectativa do Itaú BBA de crescimento de 5% na produção final de açúcar do país, reforçando a contribuição russa para o superávit global.

Mercado global de açúcar mostra superávit e maior dependência do etanol

Com o aumento da produção brasileira e boas perspectivas de colheita no hemisfério Norte, o Itaú BBA revisou sua projeção para a safra global 2025/26, estimando superávit de 2,7 milhões de toneladas de açúcar.

Esse cenário reforça a dependência do mercado mundial em relação ao etanol brasileiro, já que os preços do biocombustível influenciam diretamente as decisões das usinas sobre o destino da cana — se voltada à produção de açúcar ou etanol.

Índia, Tailândia e México apresentam desempenho misto nas colheitas

Na Índia, a colheita da nova safra começou com força. Nos dois primeiros meses, a produção atingiu 4,1 milhões de toneladas, alta de 43% em relação ao mesmo período do ano anterior. Apesar do bom resultado inicial, o avanço se deve à antecipação da colheita, e o banco alerta para interpretações cautelosas. A previsão é de alta anual de 20,6%, totalizando 31,5 milhões de toneladas.

Na Tailândia, apenas 29 usinas iniciaram a moagem até 11 de dezembro, processando 1,7 milhão de toneladas de cana, volume 26% menor que no mesmo período da safra anterior. A produção de açúcar, de 96 mil toneladas, está 35% abaixo do registrado em 2024/25. Ainda assim, o Itaú BBA projeta crescimento de 7,7% no ciclo, com produção final de 11,2 milhões de toneladas.

Já no México, a safra teve início tardio, com 546 mil toneladas moídas até 29 de novembro, ante 753 mil toneladas no mesmo período do ciclo anterior. No entanto, a produtividade das áreas colhidas melhorou, passando de 7,4 para 10,5 toneladas por hectare, segundo a Conadesuca, o que indica potencial de recuperação após a quebra da safra 2024/25.

Perspectiva: mercado segue volátil, mas com fundamentos positivos

O relatório do Itaú BBA aponta que, apesar das oscilações recentes nos preços, o mercado global de açúcar apresenta fundamentos mais equilibrados. A produção brasileira resiliente, a recuperação parcial da Índia e a estabilidade no hemisfério Norte indicam um cenário de oferta robusta para 2026.

Ainda assim, a volatilidade do mercado deve continuar, influenciada principalmente pelo comportamento do etanol no Brasil e pelas condições climáticas nas principais regiões produtoras.

Fonte: Portal do Agronegócio

◄ Leia outras notícias
/* */ --