Publicado em: 05/08/2025 às 11:00hs
Levantamento do Cepea mostra que os preços do açúcar cristal no mercado spot paulista permaneceram praticamente estáveis entre os dias 28 de julho e 1º de agosto. O Indicador CEPEA/ESALQ (Icumsa 130 a 180) ficou em R$ 120,39 por saca de 50 kg, apresentando uma leve valorização de 0,07% frente à semana anterior.
Apesar da estabilidade no fechamento do mês, a média mensal caiu. Em julho, o indicador fechou com média de R$ 118,49/sc, o que representa uma queda de 6,29% em relação ao mês de junho. Segundo analistas do Cepea, os preços domésticos vêm se recuperando desde a segunda quinzena do mês, após tocarem as mínimas nominais dos últimos três anos no início de julho.
Mesmo com uma demanda interna enfraquecida, as usinas mantêm suas pedidas firmes, o que ajuda a sustentar os valores. No entanto, a liquidez recuou levemente na última semana de julho.
O mercado internacional do açúcar encerrou a terça-feira com queda superior a 1% nos principais contratos futuros, devolvendo os ganhos observados na sessão anterior. Em Londres, o contrato com vencimento em outubro de 2025 caiu 1,37%, sendo cotado a US$ 462,40 por tonelada. Já em Nova Iorque, o açúcar bruto para o mesmo vencimento recuou 1,35%, sendo negociado a 16,03 cents de dólar por libra-peso. O contrato para março de 2026 também caiu, fechando a 16,67 cents/lb, uma baixa de 1,24%.
Segundo o analista Maurício Muruci, da Safras & Mercado, nem mesmo o movimento recente de compras pelo Paquistão foi suficiente para conter o pessimismo no mercado. Embora o país seja produtor e esteja ativo no mercado para abastecer o consumo interno, sua atuação limitada nas bolsas internacionais reduz seu impacto sobre os preços globais.
O mercado volta a testar o suporte técnico de 16 cents/lb, pressionado pelas expectativas de uma safra robusta na Índia e na Tailândia, além do avanço da colheita no Brasil.
Apesar do progresso na colheita, a produção brasileira ainda gera incertezas. Dados da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia) indicam que a moagem acumulada até 16 de julho foi de 256,14 milhões de toneladas — uma queda de 9,61% em comparação ao mesmo período do ciclo anterior, que registrou 283,36 milhões de toneladas.
De acordo com Muruci, grande parte da produção das usinas brasileiras já foi comercializada desde o ano passado, com contratos firmados até janeiro a preços superiores a 18 cents/lb. A preocupação agora recai sobre a safra do próximo ano, que ainda enfrenta um processo de recuperação após os danos causados em 2024. “Nossos modelos climáticos indicam chuvas abaixo da média no início de 2026, o que é preocupante para a recuperação das lavouras”, alerta o analista.
No mercado de combustíveis, os preços dos etanóis anidro e hidratado apresentaram alta na última semana em São Paulo, influenciados pela menor produção e pelo direcionamento da produção para o açúcar.
Segundo o Cepea, o etanol hidratado foi comercializado a R$ 2,6239/litro (líquido de ICMS e PIS/Cofins), o que representa uma alta de 3,11%. Já o etanol anidro atingiu R$ 2,9996/litro (líquido de impostos), com valorização de 2,84%.
A menor oferta contribuiu para a firmeza nos preços por parte dos vendedores, enquanto os compradores mantiveram cautela, adquirindo volumes limitados diante da expectativa de novas quedas nas cotações.
O setor sucroenergético vive um momento de contrastes: enquanto o mercado doméstico do açúcar mostra sinais de recuperação e estabilidade após quedas expressivas, o mercado internacional enfrenta pressão por excesso de oferta. No segmento de etanol, os preços continuam em alta, impulsionados pela menor produção diante de um mix mais voltado ao açúcar.
Fonte: Portal do Agronegócio
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