Setor Sucroalcooleiro

Mercado do açúcar oscila entre altas e quedas: exportações indianas e fim da safra no Brasil influenciam cotações globais

Enquanto Nova York registra ganhos impulsionados pela restrição das exportações indianas, Londres mantém tendência de alta e o mercado interno brasileiro sente pressão de baixa; encerramento antecipado da safra no Centro-Sul e tarifas dos EUA agravam cenário


Publicado em: 17/11/2025 às 11:20hs

Mercado do açúcar oscila entre altas e quedas: exportações indianas e fim da safra no Brasil influenciam cotações globais
Açúcar encerra semana em alta nas bolsas internacionais

Os contratos futuros do açúcar encerraram a semana passada com valorização nas principais bolsas internacionais. Na ICE Futures de Nova York, o açúcar bruto teve recuperação na sexta-feira (14), com ganhos em todas as posições. O contrato com vencimento em março de 2026 fechou cotado a 14,96 centavos de dólar por libra-peso, alta de 52 pontos em relação ao dia anterior. Já o maio/26 encerrou a 14,49 cts/lb, avanço de 50 pontos, enquanto os demais contratos subiram entre 36 e 47 pontos.

Em Londres, o movimento foi semelhante. Na ICE Futures Europe, o açúcar branco registrou alta generalizada. O vencimento dezembro/25, que expira em breve, subiu US$ 9,30, negociado a US$ 431,60 por tonelada. Já o contrato março/26 teve valorização de US$ 13,20, cotado a US$ 425,80 por tonelada, com ganhos entre US$ 10,70 e US$ 12,60 nas demais posições.

Mercado interno fecha em baixa e perde força em novembro

No mercado doméstico, o cenário foi de queda. O açúcar cristal registrou desvalorização pelo segundo dia consecutivo na sexta-feira (14), com a saca de 50 quilos negociada a R$ 106,41, ante R$ 107,06 do dia anterior, queda de 0,61%. No acumulado de novembro, o indicador já acumula retração de 6,37%, refletindo a pressão do recuo internacional e a maior oferta interna diante do fim de safra no Centro-Sul.

Início da semana: Nova York recua e Londres mantém alta

Após o rally da semana anterior, o açúcar iniciou a segunda-feira (17) em queda na Bolsa de Nova York, com desvalorização superior a 1% nos principais contratos. O vencimento março/26 foi negociado a 14,74 cts/lb (-1,47%), o maio/26 a 14,31 cts/lb (-1,24%), e o julho/26 a 14,23 cts/lb (-1,11%).

Em Londres, no entanto, o mercado manteve a tendência de alta, com o contrato dezembro/25 cotado a US$ 431,60 por tonelada (+2,20%). O movimento reflete as incertezas sobre a oferta global após o anúncio da Índia sobre o limite de exportações.

Exportações indianas limitadas impulsionam preços

O Ministério da Alimentação da Índia confirmou que permitirá a exportação de apenas 1,5 milhão de toneladas de açúcar na safra 2025/26, abaixo das 2 milhões esperadas anteriormente. A decisão reduz a disponibilidade do produto no mercado internacional e sustenta os preços.

Desde 2022/23, o país opera com cotas de exportação, após problemas climáticos afetarem a produção e restringirem a oferta doméstica. A redução anunciada foi suficiente para impulsionar os preços em Nova York ao maior patamar em três semanas, conforme dados da ICE Futures US.

Safra brasileira entra em reta final com redirecionamento para o etanol

No Brasil, o setor sucroenergético segue em fase de encerramento da safra 2024/25. Segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), o mix de cana destinado ao açúcar atingiu 46,02% na segunda quinzena de outubro, ligeiramente acima dos 45,91% do mesmo período de 2023, mas ainda distante dos picos da temporada — em agosto, o índice chegou a 55%.

A retração reflete o redirecionamento da cana para a produção de etanol, favorecido pela maior rentabilidade do biocombustível. Além disso, os preços do açúcar próximos às mínimas de cinco anos seguem abaixo do custo de produção da maioria das usinas, o que reforça a mudança na estratégia industrial.

Ainda segundo a Unica, 54 usinas encerraram as atividades na segunda quinzena de outubro, totalizando 74 unidades desde o início da safra — número superior às 40 registradas no mesmo período de 2023. Outras 50 devem finalizar a moagem até meados de novembro, totalizando mais de 120 usinas paralisadas no Centro-Sul.

O encerramento antecipado é atribuído às adversidades climáticas, como estiagens prolongadas e queimadas, que afetaram o rendimento agrícola.

Sobretaxas dos EUA reduzem exportações do agronegócio brasileiro

A conjuntura internacional também pressiona o setor. De acordo com a Confederação Nacional de Municípios (CNM), as exportações brasileiras do agronegócio para os Estados Unidos recuaram 31,3% entre agosto e outubro de 2024, representando perda de US$ 973,1 milhões.

Entre os segmentos mais atingidos estão a cana-de-açúcar, produtos florestais, carne bovina e café. As exportações de açúcar bruto para os EUA praticamente cessaram, com redução de 231 milhões de toneladas, gerando prejuízo de US$ 111,3 milhões.

A carne bovina in natura também sofreu forte impacto, acumulando queda de US$ 169,6 milhões em comparação com o mesmo período de 2023, após três meses de aplicação das sobretaxas impostas pelo governo norte-americano.

Fonte: Portal do Agronegócio

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