Publicado em: 04/08/2025 às 10:50hs
O mercado do açúcar iniciou a semana em campo positivo, com ganhos próximos de 1% nesta segunda-feira (4). Após as perdas registradas na sexta-feira anterior, os preços tentam se recuperar, impulsionados por fatores ligados à demanda global.
Em Londres, o contrato de açúcar branco para outubro de 2025 foi negociado a US$ 470,50 por tonelada, alta de 1,18%. Em Nova York, o mesmo contrato do açúcar bruto subiu 1,24%, chegando a 16,38 centavos de dólar por libra-peso, enquanto o vencimento para março de 2026 teve avanço de 1,07%, cotado a 16,96 centavos.
Segundo a consultoria Safras & Mercado, julho apresentou preços mais firmes após quedas expressivas nos meses anteriores. Entre os fatores que impulsionaram essa melhora, destacam-se:
Essas mudanças sugerem um aumento na demanda global, embora insuficiente para compensar o cenário de superávit de produção que se desenha para os próximos ciclos.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) projeta um excedente de 11,397 milhões de toneladas de açúcar na safra global 2025/26, bem acima do superávit estimado de 5,319 milhões de toneladas para 2024/25.
Esse aumento se deve a condições climáticas favoráveis nas principais regiões produtoras da Ásia e ao bom desempenho da produção no Brasil. Na Índia, por exemplo, a produção bruta (sem considerar a destinação ao etanol) deve atingir 35 milhões de toneladas em 2025/26, um salto de 18% frente às 29,5 milhões da safra anterior, favorecida pelas chuvas abundantes durante o período de monções.
No Centro-Sul do Brasil, a produção de açúcar teve desempenho positivo na primeira quinzena de julho. Segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA), foram processadas 49,823 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, alta de 14,77% em relação ao mesmo período da safra anterior.
Do total, 54% da cana foi destinada à produção de açúcar, ante 50% no mesmo período do ano passado. Esse direcionamento foi favorecido pelo clima seco, que beneficiou a moagem e incentivou a priorização do açúcar em detrimento do etanol, conforme análise da DATAGRO.
Contudo, no acumulado da safra 2025/26 até 16 de julho, a moagem totaliza 256,14 milhões de toneladas, representando uma queda de 9,61% frente às 283,36 milhões de toneladas registradas no mesmo intervalo da safra 2024/25.
A Índia pode voltar a exportar açúcar na próxima temporada, que tem início em outubro. A previsão é de uma produção de 30 milhões de toneladas em 2025/26, superando as 26,1 milhões da safra anterior, segundo Gautam Goel, presidente da Associação Indiana de Fabricantes de Açúcar e Bioenergia (ISMA).
Esse cenário amplia ainda mais a oferta global e pode acentuar a pressão sobre os preços nas bolsas internacionais.
Na sexta-feira (1º), os contratos futuros do açúcar registraram queda nas bolsas internacionais, refletindo as projeções de produção robusta no Brasil e na Índia.
Na ICE Futures, em Nova York, o contrato de outubro/25 recuou 10 pontos, sendo cotado a 16,35 centavos de dólar por libra-peso. A única exceção foi o contrato de julho/27, que subiu 1 ponto, para 16,66 centavos.
Já na ICE Europe, em Londres, o açúcar branco também teve perdas. O contrato de outubro/25 caiu US$ 2,20, para US$ 467,80 por tonelada, enquanto o de dezembro/25 recuou US$ 1,60, fechando a US$ 460,80 por tonelada.
No Brasil, o preço do açúcar cristal acompanhou a tendência de queda. De acordo com o Indicador Cepea/Esalq (USP), a saca de 50 quilos foi negociada a R$ 119,34, representando uma baixa de 0,92%.
Apesar de avanços pontuais nos preços, o mercado do açúcar segue pressionado por um cenário de superávit global crescente, impulsionado por fortes safras no Brasil e na Índia. As perspectivas de retomada das exportações indianas e a maior destinação da cana para o açúcar nas usinas brasileiras reforçam o alerta para os próximos meses, exigindo atenção redobrada dos agentes do setor.
Fonte: Portal do Agronegócio
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