Publicado em: 04/06/2025 às 20:00hs
Após o último relatório da UNICA (Associação Brasileira da Indústria de Cana-de-Açúcar), a Hedgepoint revisou suas projeções para o mercado de açúcar. A estimativa do ATR (Açúcar Total Recuperável) foi ajustada para 140,5 kg por tonelada, uma leve redução. Por outro lado, o mix de açúcar foi revisado para cima, atingindo 51,2%. A produção total de açúcar se manteve estável, próxima a 42,5 milhões de toneladas, com possibilidade de exportação do Centro-Sul em torno de 33,6 milhões de toneladas, o que garantiria estoques equilibrados.
A Hedgepoint avaliou ainda um cenário hipotético de menor moagem de cana, destacando que uma redução de 15 milhões de toneladas no volume processado, para 605 milhões de toneladas, poderia diminuir a produção de açúcar em aproximadamente 1 milhão de toneladas. Essa queda impactaria diretamente a capacidade de exportação e reduziria o superávit comercial acumulado em quase 1 milhão de toneladas, o que poderia sustentar uma pressão altista nos preços do açúcar.
A moagem até o momento alcançou 42,3 milhões de toneladas, acima da média dos últimos cinco anos (41,5 milhões), mas ainda inferior à temporada 24/25. A diferença acumulada em relação ao ano passado aumentou para cerca de 20 milhões de toneladas, com 76,7 milhões moídas contra 96,2 milhões no mesmo período da safra anterior.
De acordo com Lívea Coda, Coordenadora de Inteligência de Mercado da Hedgepoint, o atraso na moagem está concentrado principalmente na segunda metade de abril, período com maior número de dias perdidos. Além disso, a temporada 24/25 contou com um volume excepcionalmente alto de cana bisada da safra anterior, o que influencia as comparações.
O ATR mantém um tom positivo para os preços, embora ainda fique cerca de 5% abaixo do ano anterior. O mix de açúcar alcançou um recorde de mais de 51% na quinzena, trazendo algum alívio ao mercado em relação à qualidade da cana.
A resposta do mercado foi mista, já que os números de produtividade continuam preocupando, mas o relatório não trouxe informações decisivas para revisão imediata das estimativas. A Hedgepoint mantém uma perspectiva otimista de moagem para o Centro-Sul, em 620 milhões de toneladas, baseada no Índice de Saúde da Vegetação, mas não descarta revisões para baixo caso a produtividade continue fraca ou haja piora nas condições climáticas.
Apesar de riscos recentes de geada, nenhum impacto significativo foi registrado, e os preços responderam de forma moderada. Mesmo assim, o fator climático permanece sob vigilância, já que pode influenciar as projeções futuras.
Mantidas as condições atuais, a Hedgepoint estima um superávit comercial de 3,7 milhões de toneladas entre o segundo trimestre de 2025 e o terceiro de 2026, o que limita espaço para alta nos preços, especialmente do açúcar bruto, cujo maior fornecedor é o Brasil.
Para que os preços retornem às máximas registradas em 2022-2023, seria necessário um corte drástico na disponibilidade de cana, da ordem de 45 milhões de toneladas a menos do que o estimado atualmente.
Com expectativas de safra em torno de 600 milhões de toneladas ainda apontando para superávit, a Hedgepoint recomenda cautela e acompanhamento dos dados futuros para um gerenciamento eficaz de riscos. O desempenho do mercado no Hemisfério Norte também será decisivo para as próximas movimentações dos preços do açúcar.
Fonte: Portal do Agronegócio
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