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Fundos de Investimento Intensificam Movimentações no Mercado de Açúcar

Açúcar: Fundos Adotam Postura Agressiva e Especulativa


Publicado em: 12/08/2024 às 11:40hs

Fundos de Investimento Intensificam Movimentações no Mercado de Açúcar

De acordo com Arnaldo Luiz Corrêa, Gerente de Riscos do mercado de commodities agrícolas e diretor da Archer Consulting, os fundos de investimento estão adotando uma postura agressiva em relação ao mercado de açúcar. O relatório Commitment of Traders (COT), divulgado nesta sexta-feira pela Commodity Futures Trading Commission (CFTC), revelou que esses fundos estavam com 62.762 contratos vendidos, intensificando suas apostas na queda dos preços do açúcar. A pergunta que se coloca é se essas previsões se concretizarão.

Em comparação com a situação do ano passado, quando os fundos especuladores impulsionaram o mercado para cima independentemente dos fundamentos econômicos, a atual abordagem é mais focada na baixa. Naquele período, os fundamentos não justificavam os níveis altos de preços, o que gerou uma visão crítica sobre a especulação.

Atualmente, com os fundos possivelmente lucrando com outras commodities como cacau, suco de laranja e café, estão dirigindo suas atenções para o açúcar. As exportações de açúcar do Brasil nos últimos doze meses indicam uma oferta abundante, o que reforça a perspectiva de preços baixos. A moagem recorde de 281 milhões de toneladas de cana até meados de julho sugere que a produção de açúcar pode atingir 43 milhões de toneladas, o que se alinha com a visão baixista dos fundos.

No entanto, alguns fatores podem estar sendo negligenciados. A desvalorização do real em relação ao dólar teve um impacto significativo nas cotações do açúcar em Nova York, com uma defasagem de 150 pontos no preço do açúcar para a safra 2025/26. Essa defasagem é impulsionada pelos contratos de Non-Deliverable Forward (NDF), que incentivam as usinas a fixarem seus preços.

No Centro-Sul do Brasil, embora o consenso do mercado projete uma safra de cerca de 605 milhões de toneladas de cana, o clima seco no interior está gerando preocupações. A seca pode reduzir a moagem final para 586 milhões de toneladas, se a perda de produtividade for de 15%, um cenário que os fundos podem não estar considerando adequadamente.

Outro ponto relevante é a situação da Índia, que dificilmente retornará ao mercado de exportação antes de março do próximo ano, e os preços internos nas regiões produtoras da Índia estão acima dos níveis de Nova York. A valorização do dólar, que fechou a semana a R$ 5,5089 com alta de 2,78%, pode também oferecer suporte aos preços do açúcar, principalmente se houver uma redução na taxa de juros pelo Federal Reserve.

O mercado futuro de açúcar terminou a semana praticamente inalterado, com o contrato de outubro/24 cotado a 18,54 centavos de dólar por libra-peso, uma alta de apenas 6 pontos em relação à semana anterior. A retração nos valores do açúcar convertidos para reais foi de quase 70 reais por tonelada.

Arnaldo Luiz Corrêa e Marcelo Moreira observam que a posição dos fundos é vulnerável e pode levar a uma cobertura de posições vendidas, o que pode gerar volatilidade no mercado. Marcelo destaca que os contratos futuros enfrentam suporte a 17,68 centavos de dólar por libra-peso e resistências a 19,09 e 19,54 centavos de dólar por libra-peso, com possíveis movimentos de preços futuros dependendo das condições de mercado.

Por fim, a recente perda de US$ 220 milhões por uma multinacional de fertilizantes devido a operações cambiais não autorizadas ilustra a importância da gestão de risco e conformidade nas empresas. A falta de capacitação adequada pode levar a operações estruturadas que prejudicam a saúde financeira das empresas e expõem falhas no gerenciamento de riscos.

Fonte: Portal do Agronegócio

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