Publicado em: 04/07/2025 às 19:00hs
O mercado internacional de açúcar registrou perdas expressivas em junho, ampliando o movimento negativo iniciado em maio. Os contratos futuros do açúcar bruto com entrega em outubro, negociados na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), encerraram o mês cotados a 16,20 centavos de dólar por libra-peso, contra 17,23 centavos no fechamento de 30 de maio. A desvalorização de 6% levou o produto aos menores níveis em mais de quatro anos.
O principal fator de pressão no mês foi o cenário climático positivo nas principais regiões produtoras da Ásia, especialmente na Índia, onde as chuvas de monção chegaram mais cedo em 2024. Essa condição favorece o desenvolvimento dos canaviais e melhora a perspectiva para a safra 2025/26, o que aumentou a expectativa de oferta global.
No Centro-Sul do Brasil, a produção de açúcar continuou sendo a opção mais rentável para as usinas, mesmo diante da desvalorização recente do produto. Segundo a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (UNICA), 51,5% da cana-de-açúcar processada na primeira quinzena de junho foi destinada à fabricação de açúcar, ante 49,7% no mesmo período de 2023.
Esse comportamento reforça a preferência das usinas pelo adoçante frente ao etanol, que até então apresentava menor rentabilidade.
Apesar das pressões de baixa, o mês de junho também trouxe uma notícia positiva para o setor sucroenergético brasileiro. O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou o aumento da mistura obrigatória de etanol anidro na gasolina de 27% para 30%, medida conhecida como E30.
A expectativa é que essa nova proporção gere uma demanda adicional de 1,65 bilhão de litros de etanol anidro nos próximos 12 meses, o que pode reduzir a oferta de etanol hidratado e anidro, elevando os preços dos biocombustíveis.
De acordo com o analista Maurício Muruci, com o etanol mais competitivo, a tendência é que as usinas passem a direcionar mais cana para a produção do combustível, diminuindo a produção de açúcar. Esse movimento pode reduzir a oferta do adoçante e impulsionar uma eventual recuperação nas cotações futuras.
A expectativa para os próximos meses dependerá do equilíbrio entre os fatores climáticos nas regiões produtoras, a estratégia das usinas brasileiras frente à nova política de biocombustíveis e a resposta da demanda global diante das oscilações de preços.
Fonte: Portal do Agronegócio
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