Setor Sucroalcooleiro

Açúcar tem recuperação no mercado interno, mas recua nas bolsas internacionais

Preços do cristal sobem em São Paulo


Publicado em: 23/09/2025 às 11:00hs

Açúcar tem recuperação no mercado interno, mas recua nas bolsas internacionais

O mercado doméstico de açúcar cristal apresentou forte valorização na última semana. De acordo com dados do Cepea/Esalq, o Indicador do cristal (Icumsa 130-180) atingiu R$ 120,45 por saca de 50 kg na sexta-feira (19), avanço de 2,75% em relação à semana anterior e o maior patamar em quase um mês.

A alta reflete a baixa disponibilidade do produto no spot paulista, já que boa parte da produção tem sido destinada a contratos de exportação e fornecimento interno de longo prazo. Pesquisadores destacam que a valorização ocorre mesmo diante do avanço significativo da safra. Somente na segunda quinzena de agosto, as usinas paulistas produziram 2,521 milhões de toneladas de açúcar, aumento de 21,32% em relação ao mesmo período de 2024, segundo a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia).

Produção brasileira pressiona o mercado internacional

No cenário global, os preços do açúcar seguem pressionados pela ampla oferta. Em Nova York, os contratos futuros do açúcar bruto permanecem abaixo de 16 cents de dólar por libra-peso. Nesta terça-feira (23), o contrato outubro/25 avançou 0,26%, para 15,29 cents, enquanto o março/26 subiu 0,13%, a 15,93 cents.

Na ICE Europe, em Londres, o açúcar branco encerrou em alta no contrato de dezembro/25, cotado a US$ 456,20 por tonelada, mas ainda acumula quedas expressivas nos últimos meses. Na segunda-feira (22), por exemplo, os papéis chegaram a recuar para US$ 451,00 por tonelada, pressionados pelo aumento da produção em países como Índia e Tailândia.

O avanço da safra brasileira segue como principal fator de pressão. A Unica informou que o Centro-Sul produziu 3,872 milhões de toneladas de açúcar na segunda quinzena de agosto, volume 18% maior que em 2024. O mix açucareiro também cresceu, passando de 48,78% para 54,20%.

Índia e Tailândia reforçam expectativa de superávit

Além do Brasil, outros grandes produtores ampliam a oferta global. Na Índia, a Sucden projeta que o país pode direcionar até 4 milhões de toneladas de açúcar para a produção de etanol em 2025/26, mas ainda assim exportar volume semelhante, superando as expectativas iniciais. A Federação Nacional das Fábricas Cooperativas de Açúcar da Índia estima que a produção pode crescer 19% no próximo ciclo, alcançando 34,9 milhões de toneladas.

A Tailândia, terceiro maior produtor mundial, também deve registrar expansão, reforçando a perspectiva de maior disponibilidade no mercado.

Enquanto isso, as projeções globais divergem. A Organização Internacional do Açúcar (ISO) calcula déficit de 231 mil toneladas em 2025/26, mas a consultoria Czarnikow fala em superávit de 7,5 milhões de toneladas, o maior em oito anos. Já o USDA projeta safra recorde de 189,3 milhões de toneladas, com estoques finais em 41,2 milhões de toneladas, alta de 7,5%.

Etanol recua após duas semanas de queda

No mercado interno de biocombustíveis, os preços do etanol hidratado e anidro apresentaram desvalorização. Entre 15 e 19 de setembro, o hidratado recuou 1,23%, para R$ 2,7471/litro (líquido de tributos), enquanto o anidro caiu 1,8%, para R$ 3,2155/litro.

Segundo o Cepea, a demanda seguiu restrita e muitos vendedores adotaram maior flexibilidade nas negociações, contribuindo para o movimento de queda.

Fonte: Portal do Agronegócio

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