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Açúcar retoma leve alta em NY, mas mercado global segue pressionado por oferta elevada e demanda fraca

Apesar da recuperação pontual nos preços, analistas alertam que cenário ainda é de pressão, com excesso de oferta brasileira e demanda internacional enfraquecida


Publicado em: 03/07/2025 às 10:35hs

Açúcar retoma leve alta em NY, mas mercado global segue pressionado por oferta elevada e demanda fraca
Preços internacionais oscilam, mas açúcar volta ao patamar de 16 cents/lb em NY

Nesta quinta-feira (03), os contratos futuros do açúcar voltaram a operar acima de 16 centavos de dólar por libra-peso na Bolsa de Nova York. O contrato com vencimento em outubro de 2025 foi negociado a 16,11 cents/lb, em alta de 3,40%. Já o contrato para março de 2026 subiu 2,76%, sendo cotado a 16,78 cents/lb.

Por outro lado, na quarta-feira (02), os preços haviam encerrado o dia em queda nas bolsas internacionais. O contrato outubro/25, na ICE Futures de Nova York, recuou 12 pontos, negociado a 15,58 cents/lb. O março/26 caiu 15 pontos, para 16,33 cents/lb. Em Londres, os contratos de açúcar branco também fecharam em baixa: agosto/25 caiu US$ 3,90, encerrando a US$ 458,80 por tonelada, e outubro/25 recuou US$ 3,30, a US$ 450,50/t.

Oferta elevada e demanda fraca mantêm pressão sobre os preços

Mesmo com a recente valorização, analistas indicam que o mercado ainda enfrenta forte pressão. Segundo avaliação do Commerzbank, divulgada pela Reuters, os preços do açúcar devem seguir pressionados enquanto não houver cortes na produção das usinas brasileiras.

Dados da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) mostram que 51,54% da cana-de-açúcar processada nesta safra foi destinada à produção de açúcar, um aumento em relação aos 49,68% registrados no mesmo período do ano anterior. O dado evidencia que o açúcar ainda oferece melhor rentabilidade que o etanol, o que estimula a manutenção da produção mesmo com preços em queda.

Além disso, os números da ICE Futures US apontam para uma demanda enfraquecida. Apenas 45.112 toneladas foram entregues para liquidação do contrato julho, o menor volume para esse vencimento em 11 anos.

Produção e moagem sofrem impacto do clima

Apesar da maior destinação da cana ao açúcar, o clima adverso tem comprometido a moagem. Na primeira quinzena de junho, o Centro-Sul processou 38,78 milhões de toneladas de cana, volume 21,49% inferior ao do mesmo período da safra anterior. No acumulado até 16 de junho, foram moídas 163,58 milhões de toneladas, com recuo de 14,33% na comparação anual.

A produtividade também caiu. Segundo o boletim De Olho na Safra, do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), a média em maio recuou 12%, passando de 91 para 80,8 t/ha. Em Ribeirão Preto (SP), a queda foi de 21,6%, enquanto a região de Assis (SP) teve leve alta de 7,4%.

Qualidade da matéria-prima e produção em queda

A qualidade da cana medida pelo ATR (Açúcar Total Recuperável) também registrou baixa. Na primeira quinzena de junho, o ATR foi de 128,66 kg/t, queda de 4,37% em relação ao mesmo período de 2024. No acumulado da safra, o recuo é de 4,54%.

Com isso, a produção de açúcar na quinzena caiu 22,12%, somando 2,45 milhões de toneladas. No acumulado da safra, foram produzidas 9,40 milhões de toneladas, ante 11,02 milhões no mesmo período do ano passado, uma redução de 14,63%.

Mercado de etanol também registra queda na produção

O etanol também apresentou recuo na produção. O hidratado caiu 17,97% e o anidro, 26,97%. No total da safra, foram produzidos 7,5 bilhões de litros, volume 14,21% menor na comparação anual.

Apesar disso, os preços do etanol encerraram junho em alta. Entre os dias 23 e 27, o hidratado subiu 1,57%, sendo negociado a R$ 2,6099/litro, e o anidro teve aumento de 2,84%, cotado a R$ 2,9962/litro. Segundo o Cepea, fatores como chuvas, geadas, maior volume de vendas pelas usinas e o aumento da mistura obrigatória para 30% explicam a valorização.

Contudo, o Indicador Diário Paulínia mostrou recuo pontual no etanol hidratado no início de julho, com o valor em R$ 2.697,00/m³, variação negativa de 0,55%.

Açúcar cristal atinge menor valor nominal desde 2021

No mercado interno, o açúcar cristal branco também teve recuo. No mercado spot paulista, a saca de 50 kg foi negociada a R$ 117,00 no dia 27, o menor valor nominal desde julho de 2021. Na semana, a queda foi de 4,4%. Já segundo o Indicador Cepea/Esalq, o açúcar cristal foi cotado a R$ 115,95, com queda de 0,44%.

Apesar das baixas, os preços internos do açúcar ainda se mantêm mais atrativos do que os praticados no mercado externo.

Fonte: Portal do Agronegócio

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