Setor Sucroalcooleiro

Açúcar recua nas bolsas internacionais em meio a safra apertada no Brasil e recorde nos EUA

Mercado global reage à combinação de oferta reduzida no Brasil e excesso de produção nos Estados Unidos, pressionando os preços do açúcar


Publicado em: 15/08/2025 às 11:00hs

Açúcar recua nas bolsas internacionais em meio a safra apertada no Brasil e recorde nos EUA

O mercado internacional de açúcar encerrou a semana em baixa, pressionado por expectativas mistas: enquanto o Brasil enfrenta previsão de produção menor, os Estados Unidos projetam safra recorde. A dificuldade de sustentar o patamar de 17 centavos de dólar por libra-peso em Nova York reforça a volatilidade do setor.

Queda nas cotações internacionais

Nesta quinta-feira (14), os contratos futuros de açúcar interromperam a sequência de altas e recuaram nas bolsas internacionais. Na ICE Futures, em Nova York, o contrato de outubro/25 caiu 27 pontos, para 16,58 centavos de dólar por libra-peso, e o de março/26 recuou 25 pontos, para 17,28 centavos. Já na ICE Europe, em Londres, apenas o contrato de outubro/25 avançou, fechando a US$ 489,40 por tonelada, enquanto o de dezembro/25 recuou para US$ 478,50.

Nesta sexta-feira (15), o movimento de queda continuou: em Londres, o outubro/25 foi negociado a US$ 478,70 (-2,19%), e, em Nova York, o outubro/25 fechou a 16,40 cents/lbp (-1,09%) e o março/26 a 17,11 cents/lbp (-0,98%).

Fundamentos frágeis para altas consistentes

Segundo Marcelo Filho, analista de mercado da StoneX, o açúcar ainda carece de fundamentos sólidos para romper e sustentar o nível dos 17 cents/lbp em Nova York. “O mercado testou esse patamar no início da semana, mas não conseguiu se manter. Hoje a queda é mais forte, mas ainda não robusta”, explicou.

O relatório Commitment of Traders (COT) também mostrou aumento expressivo nas posições vendidas líquidas por fundos em Nova York, que cresceram 25.923 contratos na última semana, alcançando 151.004 — o maior volume desde 2019. Esse movimento reforça o viés de pressão sobre os preços.

Cenário global: Índia e EUA influenciam oferta

No cenário internacional, a expectativa é que a Índia retome exportações na safra 2025/26, que começa em outubro, após chuvas acima da média. A Associação Indiana de Fabricantes de Açúcar e Bioenergia planeja liberar até 2 milhões de toneladas para o mercado externo.

Nos Estados Unidos, o Departamento de Agricultura (USDA) projeta produção recorde de 9,42 milhões de toneladas curtas na safra 2025/26, impulsionada pelo aumento na produção de açúcar de beterraba (5,26 milhões de toneladas) e de cana (4,16 milhões de toneladas). A estimativa amplia a perspectiva de uma oferta global mais folgada.

Brasil enfrenta perdas na safra de cana

No Brasil, a safra 2025/26 de cana-de-açúcar sofre os impactos de incêndios, seca e geadas, resultando em queda nas toneladas de cana por hectare (TCH) e nos açúcares totais recuperáveis (ATR). A SCA Brasil estima retração de 5,4% no volume de cana na região Centro-Sul, principal polo produtor, o que pode apertar a oferta de açúcar e etanol.

Dados da UNICA mostram que, na primeira quinzena de julho, a produção somou 3,4 milhões de toneladas, alta de 15% sobre o mesmo período de 2024, com aumento na destinação da cana para açúcar (de 50% para 54%).

Etanol ganha espaço no mix de produção

Com a oferta limitada de cana e a valorização do real, a produção de etanol, especialmente o de milho, tende a ganhar relevância. De acordo com Martinho Seiiti Ono, CEO da SCA Brasil, o etanol de milho deve representar 27% da produção do biocombustível, enquanto 50,1% da cana será destinada ao açúcar.

O Indicador Diário Paulínia registrou alta de 0,33% no etanol hidratado, com o metro cúbico negociado a R$ 2.761,50 nas usinas. Já o açúcar cristal, segundo o Cepea/Esalq, caiu 0,17%, sendo negociado a R$ 119,65 a saca de 50 kg.

Fonte: Portal do Agronegócio

◄ Leia outras notícias