Publicado em: 02/10/2025 às 10:40hs
O mercado global de açúcar atravessa uma fase de instabilidade, alternando quedas e recuperações nas principais bolsas de Nova York e Londres. A volatilidade reflete o aumento da oferta internacional, as expectativas de supersafras na Ásia e as projeções otimistas para o Brasil divulgadas pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
Na quarta-feira (1º), os contratos futuros do açúcar registraram forte recuo após a Thai Sugar Miller Corp estimar que a safra 2025/26 da Tailândia deve crescer 5% em relação ao ciclo anterior, alcançando 10,5 milhões de toneladas. O país é o terceiro maior produtor e o segundo maior exportador mundial, reforçando a perspectiva de maior disponibilidade do produto no mercado.
Em Nova York, o contrato de março/26 caiu 47 pontos, cotado a 16,13 centavos de dólar por libra-peso, enquanto o de maio/26 recuou 43 pontos, a 15,71 cents. Já em Londres, o açúcar branco para dezembro/25 perdeu US$ 15,50, negociado a US$ 452,80 por tonelada, e o de março/26 caiu US$ 13,90, para US$ 448,60 por tonelada.
No mercado interno, o açúcar cristal também registrou queda de 1,44%, segundo o Indicador Cepea/Esalq, com a saca de 50 kg cotada a R$ 115,64. Em contrapartida, o etanol hidratado subiu 0,41%, sendo negociado a R$ 2.831,50 o metro cúbico nas usinas da região de Paulínia.
Na quinta-feira (2), o mercado ensaiou recuperação, com destaque para Nova York, onde o contrato de março/26 avançou 1,80%, cotado a 16,42 cents/libra-peso, e o de maio/26 subiu 1,53%, para 15,95 cents. Em Londres, o contrato de dezembro/25 registrou alta de 2,03%, alcançando US$ 462,00 por tonelada.
Segundo Maurício Muruci, analista da Safras & Mercado, a demanda internacional é o principal fator de sustentação no curto prazo, após uma sequência de ganhos na semana anterior. No entanto, ele alerta que a tendência de longo prazo ainda é de baixa, diante da perspectiva de realização de lucros e do cenário de superávit global na safra 2025/26.
Muruci destaca que o nível de 16 cents/libra-peso tende a se consolidar como ponto de equilíbrio, ainda que exista espaço para novas quedas, especialmente diante do crescimento das safras na Tailândia e na Índia.
Apesar da breve recuperação, o mercado voltou a sentir pressão com as projeções do USDA para o Brasil. Segundo o órgão, a produção de açúcar do país em 2025/26 deverá atingir 44,386 milhões de toneladas, acima das 43,7 milhões estimadas para 2024/25.
O consumo doméstico deve permanecer em 9 milhões de toneladas, enquanto as exportações podem crescer de 34,890 milhões para 35,7 milhões de toneladas. Os estoques finais, por sua vez, devem recuar de 570 mil toneladas em 2024/25 para 256 mil toneladas em 2025/26.
A divulgação desses números contribuiu para nova queda nas cotações em Nova York, com o contrato de março/26 recuando 2,83%, a 16,13 cents/libra-peso, e o de maio/26 perdendo 2,7%, negociado a 15,71 cents.
Outro fator relevante foi o vencimento do contrato de outubro/25, que registrou entregas de 1,52 milhão de toneladas de açúcar bruto, uma das maiores já registradas para o período. A maior parte desse volume será embarcada pelo Brasil, principalmente pelos portos de Santos e Paranaguá, além de Maceió e Recife. Há ainda embarques previstos em países da América Latina, como México, Guatemala, Nicarágua e Argentina.
A combinação de supersafra no Brasil, maior produção na Tailândia e expectativa de aumento da oferta indiana limita o potencial de valorização do açúcar no curto prazo. Para analistas, os preços devem oscilar próximos de 16 cents/libra-peso, refletindo o equilíbrio entre demanda firme e oferta crescente.
Fonte: Portal do Agronegócio
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