Publicado em: 07/10/2025 às 11:10hs
O preço do açúcar cristal branco no mercado interno brasileiro registrou forte retração em setembro. Segundo levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), o Indicador CEPEA/ESALQ do produto — cor Icumsa entre 130 e 180 — teve média de R$ 118,65 por saca de 50 kg, uma queda de 17,54% em relação ao mesmo mês de 2024, em valores reais (deflacionados pelo IGP-DI).
Desde o início da safra 2025/26, em abril, as médias mensais permanecem abaixo das registradas no ciclo anterior, com setembro apresentando a maior diferença negativa. Pesquisadores do Cepea atribuem essa retração à combinação entre menores cotações internacionais do açúcar demerara e demanda interna enfraquecida, com relatos de queda nas vendas de produtos derivados do açúcar no varejo.
Além disso, o aumento da produção de açúcar pelas usinas paulistas, em detrimento do etanol, ampliou a oferta doméstica e exerceu pressão adicional sobre os preços.
No cenário internacional, os contratos futuros do açúcar encerraram a primeira semana de outubro com valorização nas principais bolsas, impulsionados pelos dados da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia) e pela alta do petróleo.
Em Nova York (ICE Futures US), o contrato de março/2026 subiu 34 pontos, cotado a 16,81 centavos de dólar por libra-peso (+2,07%), máxima em quase dois meses. O contrato de maio/2026 avançou para 16,31 cents/lb (+2%), enquanto o de julho/2026 fechou a 16,15 cents/lb (+1,96%).
Na ICE Europe, em Londres, o açúcar branco também apresentou ganhos: o contrato de dezembro/2025 subiu US$ 6,90, cotado a US$ 464,40 por tonelada (+1,51%), e o de março/2026 aumentou US$ 8,60, para US$ 464,00 por tonelada (+1,89%).
De acordo com análise do portal Barchart, o avanço foi sustentado pela queda no teor de açúcar da cana moída no Centro-Sul do Brasil, que recuou para 154,58 kg/t na primeira quinzena de setembro, frente a 160,07 kg/t no mesmo período do ano anterior. A menor concentração sacarina indica redução no potencial de produção de açúcar.
O cenário recente mostra que a vantagem do etanol frente ao açúcar vem influenciando decisões de produção nas usinas brasileiras, especialmente nos estados de Goiás e Mato Grosso.
Segundo Luciano Rodrigues, diretor de Inteligência Setorial da Unica, “a perda de competitividade do açúcar frente à fabricação do etanol estimula a mudança na alocação de produção, principalmente nas regiões afastadas do litoral”.
Esse movimento é potencializado pela valorização do petróleo, que torna o biocombustível mais atrativo e reduz a oferta global de açúcar, criando um ambiente de sustentação para os preços internacionais.
Após as altas de segunda-feira, o mercado internacional do açúcar recuou na terça-feira (7). Em Nova York, o contrato de março/26 caiu para 16,58 cents/lb (-1,37%), enquanto o de maio/26 recuou para 16,10 cents/lb (-1,29%). Em Londres, o contrato de dezembro/25 foi cotado a US$ 459,00 por tonelada (-1,16%).
Analistas explicam que o movimento de correção técnica foi influenciado pela fraqueza do petróleo, que voltou a oscilar em torno de US$ 65 por barril, e pelas expectativas positivas para as safras no Brasil, Índia e Tailândia.
Ainda assim, as recentes altas foram sustentadas pela demanda pontual do Paquistão e pelos dados mais fracos da safra brasileira, o que limita uma queda mais acentuada nos preços.
No mercado interno, o etanol hidratado apresentou leve valorização. De acordo com o Indicador Diário Paulínia, o metro cúbico do biocombustível foi negociado a R$ 2.818,00 nas usinas, alta de 0,02%.
Os dados consolidados do Cepea indicam que, em setembro, o etanol hidratado teve média de R$ 2,7583 por litro, aumento de 3,25% em relação a agosto, enquanto o etanol anidro subiu 4,33%, cotado a R$ 3,0999 por litro. Na comparação anual, o hidratado valorizou 10% e o anidro, 7,32%, em valores reais.
Mesmo com o avanço nos preços, as negociações seguem limitadas, refletindo a demanda retraída no varejo e a atuação cautelosa dos compradores. Parte das usinas optou por permanecer fora do mercado spot, aguardando melhores oportunidades.
Fonte: Portal do Agronegócio
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