Setor Sucroalcooleiro

Açúcar ensaia recuperação após quedas, mas mercado segue pressionado por fundamentos baixistas

Apesar da leve recuperação, preços seguem sob pressão de fundamentos baixistas no mercado global


Publicado em: 22/08/2025 às 10:50hs

Açúcar ensaia recuperação após quedas, mas mercado segue pressionado por fundamentos baixistas
Produção do Centro-Sul e destino da cana

O mercado do açúcar registrou leve reação nesta terça-feira (19), após uma sequência de quedas que havia levado as cotações ao menor patamar em uma semana. O movimento reflete ajustes de posições diante das expectativas de maior produção no Brasil, somadas à pressão vinda do cenário internacional.

Dados da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia) mostram que o Centro-Sul produziu 3,6 milhões de toneladas de açúcar na segunda quinzena de julho, recuo de 0,8% frente ao mesmo período do ano passado. No acumulado da safra 2025/26, a produção soma 19,26 milhões de toneladas, queda de 7,8%.

Mesmo com a retração na produtividade agrícola, as usinas têm ampliado a destinação da cana para o açúcar. Em julho, 54,10% da matéria-prima foi destinada ao adoçante, acima dos 50,32% registrados no mesmo mês de 2024.

Cotações em Nova York e Londres

Na ICE Futures, em Nova York, os contratos futuros de açúcar bruto fecharam mistos. O outubro/25 avançou 6 pontos, a 16,31 centavos de dólar por libra-peso, enquanto o março/27 ficou estável e o maio/27 recuou 1 ponto, para 17,00 cents. Já em Londres, na ICE Europe, o açúcar branco encerrou a maioria dos contratos em alta: o outubro/25 subiu US$ 1,10, cotado a US$ 477,80 por tonelada, e o março/27 caiu US$ 0,60, para US$ 479,50.

Na última atualização, o outubro/25 em Nova York operava a 16,37 cents (+0,12%), enquanto o março/26 recuava para 17,06 cents (-0,12%) e o maio/26 caía para 16,77 cents (-0,24%). Em Londres, o outubro/25 era cotado a US$ 483,80 por tonelada, alta de 0,25%.

Pressão internacional e expectativas de safra

As perspectivas de safras robustas na Índia e na Tailândia seguem pressionando os preços no mercado global. Para Maurício Muruci, analista da Safras & Mercado, o momento reflete um cenário sazonal: “Até o meio do ano tivemos o auge da moagem no Centro-Sul. De agosto em diante, espera-se queda gradual da oferta de cana, o que pode impactar a disponibilidade de açúcar”, explica.

Muruci destaca ainda que, apesar do mix açucareiro elevado, em torno de 54%, a quebra de produtividade e de produção sustenta a liquidez do mercado interno, especialmente com preços mais baixos, que têm estimulado a demanda.

Açúcar cristal e etanol hidratado

No mercado doméstico, segundo o Indicador Cepea/Esalq (USP), o açúcar cristal registrou queda de 0,51%, com a saca de 50 quilos negociada a R$ 120,49. Já o etanol hidratado, de acordo com o Indicador Diário Paulínia, avançou 0,38%, sendo negociado a R$ 2.793,50 por metro cúbico nas usinas.

Exportações e desafios para a próxima safra

As exportações seguem aquecidas, com embarques acima de 3 milhões de toneladas, principalmente para cumprir contratos firmados em 2024/25, quando os preços ultrapassavam 20 cents de dólar, garantindo boa rentabilidade. A preocupação do setor, no entanto, é com a safra seguinte: os preços futuros estão entre 16 e 17 cents, o que exige cautela nas fixações diante de um cenário menos atrativo.

Perspectivas regionais

A safra do Centro-Sul deve se encerrar em meados de outubro, abrindo espaço para o início da moagem no Nordeste. Enquanto o Sul enfrenta baixa produtividade e desafios de competitividade, o Nordeste tende a apresentar melhor desempenho, embora possa depender de subvenções após a imposição de tarifas pelos Estados Unidos. “Com a queda de produção no Centro-Sul, a oferta nordestina pode ganhar espaço no mercado interno”, avalia Muruci.

Fonte: Portal do Agronegócio

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