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Açúcar despenca nas bolsas internacionais com aumento da oferta e tensões comerciais entre EUA e China

Mercado internacional de açúcar recua após sequência de altas


Publicado em: 13/10/2025 às 11:40hs

Açúcar despenca nas bolsas internacionais com aumento da oferta e tensões comerciais entre EUA e China

Após registrar uma série de ganhos, os contratos futuros do açúcar voltaram a cair nas bolsas internacionais. Na sexta-feira (10), as cotações encerraram em baixa, refletindo o aumento nas expectativas de oferta global e o movimento de realização de lucros por parte dos investidores.

De acordo com a Covrig Analytics, o mercado mundial deve registrar um excedente de 4,1 milhões de toneladas na safra 2025/26, cenário que contribuiu para a pressão baixista sobre os preços. Além disso, a queda recente do petróleo reduziu a atratividade do etanol, levando as usinas a direcionarem mais cana-de-açúcar para a produção de açúcar, ampliando ainda mais a oferta do produto.

Outro fator que pesou foi a desvalorização do real frente ao dólar, que torna o açúcar brasileiro mais competitivo no mercado externo e, consequentemente, aumenta a pressão sobre as cotações internacionais.

Cotações nas bolsas de Nova York e Londres

Na ICE Futures, em Nova York, o contrato do açúcar bruto para março/26 caiu 16 pontos, cotado a 16,10 centavos de dólar por libra-peso. O contrato de maio/26 também recuou 16 pontos, para 15,62 centavos.

Em Londres, na ICE Europe, o açúcar branco seguiu o mesmo movimento: o contrato de dezembro/25 fechou a US$ 450,40 por tonelada (queda de US$ 0,70), enquanto o de março/26 caiu para US$ 447,50 por tonelada (baixa de US$ 2,80).

No mercado interno, segundo o Indicador Cepea/Esalq (USP), a saca de 50 quilos do açúcar cristal foi negociada a R$ 117,05, com leve recuo de 0,06%.

Segunda-feira começa com novas quedas e pressão geopolítica

O cenário negativo se intensificou nesta segunda-feira (13), quando o açúcar despencou mais de 2% nas bolsas internacionais. Em Nova York, o contrato março/26 é negociado a 15,66 centavos de dólar por libra-peso, queda de 2,73%, enquanto o maio/26 recua 2,43%, para 15,24 centavos, e o julho/26 cai 2,26%, a 15,14 centavos.

Em Londres, o contrato de dezembro/25 é cotado a US$ 441,70 por tonelada, com queda de 1,93%.

Além do excesso de oferta e da falta de demanda global, o mercado agora sente os impactos das declarações do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que anunciou novas tarifas de 100% sobre produtos chineses a partir de novembro. A medida reacende as tensões comerciais entre Washington e Pequim, afetando diretamente o preço das commodities, incluindo o açúcar.

Exportações brasileiras de açúcar registram desaceleração

Apesar da alta competitividade do produto brasileiro, os embarques registraram redução em setembro. Segundo levantamento da agência marítima Williams Brasil, 84 navios aguardavam para embarcar açúcar nos portos brasileiros na semana encerrada em 8 de outubro, contra 79 navios em 24 de setembro. O volume programado passou de 3,210 milhões para 3,608 milhões de toneladas.

Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que a receita diária média com exportações de açúcar e melaços foi de US$ 59,5 milhões em setembro, com um volume médio de 147,5 mil toneladas exportadas por dia. No total, o país embarcou 3,245 milhões de toneladas, gerando US$ 1,309 bilhão em receita, a um preço médio de US$ 403,40 por tonelada.

Na comparação com setembro de 2024, houve queda de 26,6% na receita diária e retração de 16,3% no volume exportado. O preço médio também caiu 12,3%, passando de US$ 459,70 para US$ 403,40 por tonelada. Em termos anuais, o volume total exportado foi 16% menor, enquanto a receita diminuiu 26% em relação ao mesmo mês de 2024.

Perspectiva do setor

Com a combinação de excedente global, tensões comerciais e queda do petróleo, o mercado de açúcar enfrenta um cenário de forte volatilidade. Analistas avaliam que, a curto prazo, o preço da commodity deve continuar pressionado, especialmente diante da expectativa de aumento nas exportações brasileiras e da desaceleração na demanda global.

Fonte: Portal do Agronegócio

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